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Banner2Edicao2022PT

21out20222Sexta-feira, 21 de outubro de 2022 – 21h30; 
Funchal, Igreja de São Martinho; 


Élisabeth Joyé, órgão; 
Ensemble Madrigalesca
Nicole Casalonga, direcção; 


Fiori musicali – Frescobaldi e polifonias da Córsega 

Os canto polifónicos da Córsega constituem uma das mais antigas tradições musicais populares da Europa. Objecto de um movimento revivalista a partir dos anos 1970, esta tradição tornou-se num dos símbolos identitários da cultura corsa. Neste programa, o ensemble feminino Madrigalesca propõe uma viagem por aquele universo musical, contrapondo a polifonia religiosa tradicional da Córsega às obras para órgão de Girolamo Frescobaldi, publicadas no início do século XVII.


GIROLAMO FRESCOBALDI (1583-1643)
Toccata quinta per l'organo sopra I pedali, e senza
(Il secondo libro di toccate [...] d'involatura di cembalo e organo, 1627/1637)
Tocata avanti la messa delli Apostoli,
(Fiori musicali, 1635)

TRADICIONAL
In medio Ecclesiae
Introitu di a Messa di i Vivi di Sermanu
Asperges me
Introitu di a Messa di i Vivi di a pieve d’Olmia

GIROLAMO FRESCOBALDI
Kyrie delli Apostoli
(Fiori musicali, 1635)
alternado com
TRADICIONAL
Kyrie (pieve d’Olmia)

GIROLAMO FRESCOBALDI
Magnificat primi toni
(Il secondo libro di toccate..., 1627/1637)
alternado com
TRADICIONAL
Magnificat (pieve d’Olmia)

GIROLAMO FRESCOBALDI
Aria detta la Frescobalda
(Il secondo libro di toccate..., 1627-1637)

TRADICIONAL
Ecco bella (madrigal)

GIROLAMO FRESCOBALDI
Tocata per le levatione [Messa della Madona]
(Fiori musicali, 1635)
Partite sopra l'ari della Romanesca
(Toccate d'intavolatura di cembalo et organo, 1615/1637)
alternado com
TRADICIONAL
Tante Vite (texto Santu Massiani, arranjo Nicole Casalonga)

HINNO AVE MARIS STELLA
(Il secondo libro di toccate..., 1627/1637)
alternado com
TRADICIONAL
Ave maris stella (Rusio)

GIROLAMO FRESCOBALDI
Balletto e Corrente
Passachagli
(Toccate..., 1615/1637)
Recercar con obligo di cantare la quinta parte senza tocarla
(Fiori musicali, 1635)
Partite sopra Folia
(Toccate..., 1615/1637)
alternado com
TRADICIONAL
Ad amore (texto Vincent Giubega, arranjo Nicole Casalonga)


Élisabeth Joyé, órgão organ

MADRIGALESCA
Nicole Casalonga, voz e direcção
Patrizia Bovi, voz
Cathy Graziani, voz


ElisabethJoye20222Elisabeth Joyé

Elisabeth Joyé é uma figura notável da escola francesa de cravo. A imprensa retém de si interpretações de grande delicadeza, uma arte inigualável do toucher, enfim uma busca constante por cores e expressividade. Esta ciência do teclado, foi-lhe transmitida pelos grandes nomes do cravo: Gustav Leonhardt no Conservatório Sweelinck de Amesterdão, Bob van Asperen no Conservatório Real de Haia, Jos van Immerseel no Conservatório Real de Antuérpia, onde se diplomou com grande distinção. Depois de ter tocado durante muitos anos em várias orquestras, Elisabeth Joyé dedica-se agora sobretudo à música de câmara e a recitais de cravo e órgão. Gravou extensivamente com orquestra, em particular com a Simphonie du Marais, dirigida por Hugo Reyne, no âmbito da música de câmara (Couperin, Bach, Blow, Purcell) e a solo (Bach, Duphly, Fischer). Sendo também uma pedagoga muito procurada, sempre quis abrir a sua investigação sobre a arte de tocar o cravo aos outros: uma busca compartilhada «para chegar a um canto e uma execução expressiva», como escreveu Bach no seu prefácio das Invenções. Lecciona cravo e baixo contínuo no Conservatório Erik Satie em Paris, na Escola Superior de Música de Lisboa e em master classes na Europa, América e Japão.


Madrigalesca

No rastro inebriante de canções de embalar (nanne), lamentos (lamenti), mas também dos terzetti e serenati, paghjelle etéreas que nossos antepassados cantavam, o ensemble Madrigalesca inscreve um percurso-memória pelas encruzilhadas dos caminhos. É um convite a um passeio entre a música popular e a praxis antiga questionando na oralidade, o que a paghjella conta do falsobordone e o que diz sobre o madrigal do quattrocento italiano os terzetti e o madrigale do repertório corso da poesia amorosa, explorando também os repertórios sacros e a sua filiação nas salmodias gregorianas. Uma, duas e três vozes (as de Gigi Casabianca, Cathy Graziani e Nicole Casalonga) que discorrem, dialogam, cruzam-se e fundam-se: «três vozes para pensar o mundo». O ensemble Madrigalesca é regularmente solicitado por grupos de música antiga para programas originais baseados em fontes escritas, seculares ou sagradas e na tradição oral. Como aqui com Élisabeth Joyé no programa Fiori Musicali, tendo como solista convidada, Patricia Bovi, directora do ensemble Micrologus. Madrigalesca, foi fundado por Nicole Casalonga, para o qual compôs ou arranjou várias obras.


NicoleCasaLongaNicole Casalonga

A música da vida – desde as cantigas de roda cantadas durante todo o dia em dias de festa ou de chuva, aos contos na vigília, desde o canto do chantre no cadeiral, ao chocalhar dos juncos, mas também as primeiras iniciações ao piano – moldou sua personalidade musical. Em Balagne, onde vive actualmente, descobriu o órgão toscano e o cravo. Aprendeu os seus repertórios com Jacques Beraza, Sérgio Vartolo e, posteriormente, com Elisabeth Joyé. Em Pigna, a sua aldeia adoptiva onde os encontros se sucedem em torno da música tradicional, antiga ou contemporânea, está envolvida em vários programas de investigação sobre canto tradicional e a sua aplicação educacional através da mimofonia. Com este novo material, orienta seminários e masterclasses na Córsega, na França continental e no exterior. No âmbito de trabalhos multidisciplinares, tem escrito vários artigos sobre a canção tradicional Foi responsável por cursos práticos na Universidade da Córsega (Licenciatura em Música Tradicional). Fundadora do ensemble Madrigalesca, compôs a música para Spiccavolu, apresentou uma sessão de trabalho sobre canto corso para o espetáculo Tempus fugit de Sidi Larbi Cherkaoui e, como parte do programa universitário Calliope, sobre canto épico no Mediterrâneo, acaba de concluir um importante trabalho de investigação e criação sobre La complainte des sept galères. Presidiu ao Centro Cultural Voce e recebeu a distinção de Chevalier des Arts et Lettres.