Abadessa e compositora.
Hildegard von Bingen nasceu em Bermersheim, na Alemanha, em 1098 no seio de uma família nobre ao serviço dos condes de Sponheim. Foi a décima filha de Hildebert e Mechthild e por tal foi entregue à igreja como dízima, uma tradição daquela época. Aos oito anos de idade, Hildegard entra no eremitério do Mosteiro de Disibodenberg dirigido por Jutta, filha do Conde de Sponheim, ficando aos seus cuidados. Jutta introduziu-a na forma de vida dos beneditinos e foi a responsável pela sua formação. Hildegard von Bingen foi aristocrata, abadessa, compositora e poeta. Visionária, mística e naturalista. Escritora e dramaturga, hagiógrafa e linguista. Doutora da igreja, santa e autora de uma imensa e importante obra literária, teológica e científica. Foi correspondente de figuras de relevância da época, tais como imperadores, reis, bispos e abades tendo conquistado a proteção e a amizade de Frederico II e Bernardo de Claraval. Hildegard foi também reconhecida pelo Papa Eugénio III como visionária. Considerada capaz de responder a temáticas religiosas e políticas e a questões relativas à natureza e ao comportamento humano, Hildegard foi autorizada a divulgar um complexo quadro visionário e a pregar em público na sua região e em diversas cidades, tendo viajado por todo o território germânico e francês. A sua prodigiosa inteligência e a qualidade do seu trabalho consolidaram o sucesso alcançado e tornaram possível que na história da Igreja, numa época marcadamente de produção anónima, tivesse conseguido alcançar um notório e destacado reconhecimento. A obra musical de Hildegard von Bingen é caracterizada pelo uso de grandes fórmulas melismáticas que jogam em alternância com um tipo de composição mais neumático e silábico. Hildegard recorre frequentemente à variação constante de séries de fórmulas melódicas às quais vai introduzindo pequenas variantes que proporcionam ao ouvinte a sensação de novidade contínua. Hildegard consegue enfatizar e dramatizar os seus textos e a sua poesia jogando com as diferenças estruturais dos modos de Ré e Mi. A extensão vocal da sua obra é muito alargada e nunca vista, que seja do nosso conhecimento, em nenhum tipo de música escrita até à época, conferindo-lhe um certo virtuosismo vocal. Hildegard von Bingen foi uma representante da cultura beneditina e fez parte de uma série de mulheres influentes que viveram ao longo da Idade Média. Neste concerto serão interpretadas seis peças desta compositora, precedidas por improvisações ao órgão baseadas nessas melodias. Esta interpretação é feita a partir de fontes primárias, Codex Dendermonde e Codex Riesenberg, os dois manuscritos que contêm toda a obra musical de Hildegard von Bingen.
— Filipa Taipina —
24 outubro
Igreja de São Martinho, Funchal
Sexta-feira, 21H30
laReverdie
Claudia Caffagni, voz e sinos
Caterina Chiarcos, voz
Elisabetta de Mircovich, voz, sanfona e viola
Daniela Beltraminelli, voz e viola
Filipa Taipina, voz
Esperanza Mara Filgueiras, voz e saltério
Maria Bayley, órgão
Hildegard von Bingen (1098-1179)
¬ Antífona «Hodie aperuit nobis clausa porta»
¬ Symphonia virginum «O dulcissime amator»
¬ Antífona «O frondens virga» / Psalmus 44
¬ Antífona «Cum erubuerint infelices»
¬ Antífona Antiphon «Nunc gaudeant»
¬ Sequência «O virga ac diadema»
(Todas as peças são precedidas por improvisações ao órgão)