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SantaLuzia2023Construtor descohecido / Unknown builder, c. 1834
Dinarte Machado (rest.), 2013

De acordo com os registos de despesas relativamente aos anos 1839 e 1841, verifica-se que foram efectuadas remunerações a cantores e organistas, facto que nos permite admitir, à partida, que a Igreja de Santa Luzia já dispunha de um órgão de tubos, provavelmente bem antigo, que viria a ser substituído com a chegada do instrumento proveniente do extinto Convento de São Francisco. Este segundo órgão foi adquirido no ano de 1834; no entanto, a sua deslocação para a Igreja de Santa Luzia só veio a acontecer em 1842, tendo o Padre Joaquim António Português anotado no Livro da Fábrica, a 15 de Janeiro desse ano, uma quantia extra para pagamento do seu transporte definitivo para a igreja: “50.000 réis que dei a quem diligenciou o órgão de S. Francisco para esta freguesia por não ter recebido e do diligenciador Fr. António das Dores ter falecido”.
No decorrer do século XX, este instrumento foi sujeito a inúmeras intervenções de manutenção, cujas despesas foram pagas em alguns momentos através de do­nativos atribuídos por diversos paroquianos. Segundo o registo do Livro da Fábri­ca, em 20 de Dezembro de 1902, o órgão era consertado pela quantia de 300$00 (réis ?) a expensas do Sr. Augusto Camarrinha, residente no Pará (Matos 1996: 44); em 1936 e em 1940 eram gastos 320$00 e 150$00 (escudos), respectivamente, para outros dois consertos do instrumento. Entre 1950, altura em que decorriam as obras de reparação do soalho e do coro, e 1963 seguiu-se uma nova, mas inadequada, intervenção que foi levada a cabo pelo mestre António Gomes Jardim, natural da Ribeira da Janela.
Não foi possível identificar o construtor do órgão. Manuel Valença descreve-o como um “órgão Positivo de fabrico inglês com características muito peculiares – um só manual, com sete registos inteiros e três partidos, considera­do, no seu género, um dos melhores da Diocese” e Christopher Kent, professor do Departamento de Música da Universidade de Reading, na Inglaterra, regista a sua feitura em Inglaterra, datando-o, segundo a inscrição encontrada nos tubos, de 1815-1820. Acrescenta que é “um dos órgãos famosos, como alguns outros da mesma fábrica e época, que existem em Inglaterra”.
Foi restaurado em 2013 pelo organeiro Dinarte Machado.

Manual (GG, AA, C-f´´´)
Open Diapason 8’
Stop Diapason [GG-b]
Stop Diapason [c’-f’’’]
Bourdon 8’ [GG-b]
Principal 4’
Flute 4’ [c’-f’’’]
Fifteenth 2’
Cornet [GG-b]
Sesquialtera [c’-f’’’]
Trumpet [f-f’’’]