Domingo, 27 de Outubro, 11h00 Missa Dominical Como em anos anteriores, artistas intervenientes no Festival de Órgão da Madeira colaboram numa celebração litúrgica. Os organistas João Vaz e Laura Mendes associa-se ao Coro da Catedral do Funchal nesta missa dominical. A música e os próprios instrumentos poderão ser ouvidos no contexto para o qual foram concebidos originalmente. Participantes |
Participantes
João Vaz João Vaz estudou em Lisboa com Antoine Sibertin-Blanc e em Saragoça com José Luis González Uriol. Para além dos seus estudos regulares frequentou cursos com professores como Edouard Souberbielle e Joaquim Simões da Hora, adquirindo um profundo interesse pela Música Antiga. É também doutor em Música e Musicologia, com uma tese sobre música portuguesa para órgão do início do século XIX. Tendo desenvolvido uma intensa carreira internacional, é frequentemente convidado para tocar em prestigiados festivais de órgão, assim como para ensinar em cursos de interpretação e para integrar júris de concursos internacionais. O seu interesse pela música portuguesa reflecte-se nas suas muitas gravações em CD (a maioria das quais efectuada em órgãos históricos portugueses) e no seu trabalho musicológico (artigos e edições musicais). Presentemente ensina na Escola Superior de Música de Lisboa. director artístico do Festival de Órgão da Madeira e das séries de concertos que se realizam nos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra (de cujo restauro foi consultor permanente) e no órgão histórico da Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (instrumento cuja titularidade assumiu em 1997). |
Laura Silva Mendes Nascida no Porto d Cruz, Laura Silva Mendes começou os seus estudos musicais na Associação Grupo Cultural Flores de Maio com a idade de seis anos. Dois anos mais tarde, começou a estudar piano no Conservatório – Escola das Artes Eng° Luiz Peter Clode, em Machico, Madeira, com Emesse Szepesi e mais tarde com Iryna Kózina e órgão com Halyna Stetsenko no curso profissional de música instrumental no Funchal. Em 2013, começou o curso de piano no Real Conservatório de Antuérpia, na Bélgica, com Polina Leschenko. Tem-se se apresentado frequentemente como solista e em formações de música de câmara na Sala Principal do Conservatório da Madeira, no Teatro Municipal Baltazar Dias, Finchal, e na Witte Zaal e na Blauwe Zaal no deSingel em Antuérpia. Em 2015 começou o seu mestrado em piano com Polina Leschenko e Eliane Rodrigues e o seu bacharelato em órgão com Joris Verdun no Real Conservatório de Antuérpia. Durante esses anos, assistiu a masterclasses de órgão com João Vaz, Benjamin Righetti, Maurizio Crossi, Ludger Lohmann, Esteban Landart e outros. Tem-se apresentado como organista em Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Grã-Bretanha. Em Fevereiro 2019, foi selecionado para participar na Academia ECHO em Bruxelas, e em Julho assistiu ao 55º Curso Internacional de Música do Estoril na Sé de Lisboa com Michel Bouvard. Candidatou-se com êxito ao Royal College of Music em Londres, onde prosseguirá os seus estudos de órgão. |
Notas ao Órgão
Órgão Histórico T. A. Samuel, 1884 Na Sé do Funchal, a presença de um órgão surge documentada pela primeira vez no alvorecer do século XVI. Em 1739, D. João V ofereceu à Sé um novo órgão, construído em Lisboa pelo organeiro Francisco do Rego Matos. Em 1740, o Cabido mandou colocar este instrumento na primitiva tribuna, situada à esquerda da capela-mor. Encontrando-se num estado não funcional, em 1925 o órgão foi desarmado e, onze anos depois, oferecido à Igreja do Colégio. Em sua substituição, o Cabido da Sé optou por comprar o órgão então pertencente à Igreja Anglicana. A acta da sessão do Cabido da Sé, lavrada a 5 de Janeiro de 1937, refere “que por ordem de Sua Ex.ma Reverendíssima, o Senhor Bispo havia comprado o actual órgão que pertencia à Igreja Anglicana, cujo custo foi de trinta e quatro contos e quinhentos escudos, acrescidos das despesas de transporte, montagem, etc”, sendo colocado no coro alto à entrada da porta principal da Sé. Este instrumento, desde então várias vezes intervencionado, foi construído em Inglaterra no ano de 1884, por encomenda de um médico inglês que residia na Madeira e que também se dedicava à arte organística. A dada altura, este médico decidiu oferecê-lo à Igreja Anglicana. O órgão resultara da colaboração de vários organeiros, tendo sido o responsável pela montagem T. A Samuel no ano de 1884 (Organ Builder, Montague Road, Dalston-London). Os tubos – ou uma parte dos tubos – foram construídos pela firma Charles S. Robson (1861), os someiros pela firma Wilson Gnnerson, os teclados pela firma S. W. Browne e uma parte dos tubos metálicos pela empresa A. Speneir (1884). Originalmente munido de uma tracção mecânica, há três décadas o instrumento sofreu consideráveis modificações, tendo-se alterado partes do mecanismo e acrescido alguns registos palhetados “em chamada”. Estas intervenções acabaram por descaracterizar completamente o órgão, sem lhe conferir maior qualidade musical. Em consequência disto e com a intenção de proporcionar à Sé Catedral um instrumento adequado para fins litúrgicos e concertísticos, realizaram-se nos anos de 1995/96 importantes obras de restauro que foram levadas a bom termo por Dinarte Machado. I Manual (C-g’’’) Trompette 8’ II Manual (C-g’’’) Pedal (C-g’’’) Acoplamentos |
Órgão de Coro Dinarte Machado, 2017 O novo órgão de coro da Sé do Funchal resultou de uma iniciativa Cabido da Sé, no sentido de dotar a Catedral de um instrumento fundamentalmente virado para as necessidades atuais do serviço litúrgico, mas simultaneamente apto para recitais e outros eventos de natureza não especificamente litúrgica. O órgão foi instalado no transepto sul, junto do altar e do coro (enfatizando a sua eminente vocação litúrgica), mas pode rodar sobre um eixo e ficar virado para nave central. O desenho da caixa, da autoria do organeiro Dinarte Machado, resulta de uma interpretação livre dos arcos ogivais da Sé e a maioria dos elementos decorativos faz referência a aspectos religiosos (nomes de santos) ou tradicionais (cestos de vime). O órgão, cuja versão final resultou do diálogo entre o organeiro e o Mestre de Capela da Sé, Pe. Ignácio Rodrigues, possui dezasseis registos, distribuídos por dois teclados e pedaleira. A harmonização de todos aqueles registos teve em conta não só as múltiplas funções do instrumento, mas sobretudo a adaptação à acústica do templo. A conceção fónica é profundamente original, não sendo feito à imagem de outro congénere, nem identificado com uma época ou estilo. Pretendeu-se que, usando da sua diversidade tímbrica e explorando as suas capacidades, os organistas pudessem fazer ouvir este instrumento em repertório de várias épocas e compositores, assim como incentivar os compositores atuais para usarem da sua criatividade e novas obras. Esta foi a visão do seu construtor, Dinarte Machado, que considera que o órgão «oferece toda a liberdade a um organista, enquanto improvisador». I Manual – Órgão principal (C – g’’’) II Manual – Órgão expressivo (C – g’’’) Pedal (C – f’)’] Flautado de 24 tapado [16’] Acoplamentos |