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BW13Out202313 outubro, sexta-feira, 21H30; 
Igreja de São João Evangelista (Colégio) · Funchal; 

Órgão a quatro mãos e quatro pés 
Samuel Pinto e Gregório Gomes, órgão; 


A génese da ideia de concerto hoje apresentado remonta a um projeto realizado no âmbito de um ciclo de estudos da Escola Superior de Música de Lisboa, onde foi proposta a execução de obras a 4 mãos e 4 pés. Tendo o mesmo sido levado a bom porto, surgiu, por conseguinte, a ideia de se poder reproduzir este projeto noutros contextos. Desde então, os intérpretes apresentaram-se em concertos e em ciclos e festivais de música em Mafra, Braga, no Porto e, presentemente, na Madeira. O programa divide-se em duas partes iguais, sendo executadas na primeira obras do período barroco, do classicismo e do primeiro romântico, na segunda obras de épocas posteriores. Esta divisão tem também em conta o modo de execução – enquanto na primeira parte a utilização de mãos e pés pode ser considerada equilibrada, o mesmo já não acontece na segunda, onde duas das três obras foram concebidas exclusivamente para serem tocadas apenas com os pés – Waltzing Mathilda de Roger Ampt e as Valsas de Johann Strauß, arranjadas por Johann Mathias Michel. A primeira, escrita na forma de tema e variações, trabalha um tema folclórico australiano dos finais do século XIX. Cada variação tem o seu próprio carácter, conferindo a esta obra uma natureza plurifacetada. A segunda agrega três valsas do compositor vienense do século XIX, onde os próprios intérpretes serão encorajados a dar um pequeno passo de dança. Esta obra encaixa-se, igualmente, na categoria das transcrições/arranjos para órgão a quatro mãos e quatro pés, onde também se pode incluir o andamento em forma de Concerto de Johann Sebastian Bach. Como referência da literatura organística para quatro mãos e quatro pés, a Sonata op. 30 de Gustav Merkel foi escrita no ano de 1857, no âmbito de um concurso de composição, tendo sido distinguida com o primeiro prémio. Esta obra destaca-se não só pela sua imponência, mas também pela clareza da escrita musical e estrutura de cada andamento. O primeiro segue, primordialmente, uma forma ritornello, um pouco ainda ao estilo do barroco; o segundo apresenta-se numa forma binária (ABA’) mais característica do período romântico; o terceiro é escrito sob a forma de uma fuga, que é precedida de uma pequena introdução. De dimensões mais reduzidas, a Fantasia de Adolph Friedrich Hesse é uma composição muito similar no plano da linguagem musical, e servirá de introdução a este concerto. Por fim, a obra de Jean Langlais, que inspirou o título deste concerto, Double fantaisie, explora várias facetas tímbricas do órgão. Pode ser dividida em duas partes, sendo estas contrastantes: a primeira, de carácter muito meditativo, alterna entre trechos líricos e mecânicos; a segunda, em jeito de fuga, apresenta-se viva e marcante. A estilística mais moderna desta obra explora de forma exímia as tensões criadas pela harmonia, através de crescendos e decrescendos harmónicos. Podem ser encontrados trechos de polifonia a quatro vozes no pedal, um pouco à semelhança do encontrado nas obras escritas exclusivamente para quatro pés. O final é repentino e abrupto, em oposição ao início estático, quase que suspenso.

Samuel Pinto


Programa

ADOLF FRIEDRICH HESSE (1809-1863)
Fantasie, op. 35
Adagio
Andante grazioso
Allegretto

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)
Concerto em Dó maior, BWV 595 (arranjo de Maurizio Machella)

GUSTAV ADOLF MERKEL (1827-1885)
Sonata nº 1, Op. 30
Allegro moderato
Adagio
Allegro com fuoco – piú moderato

JOHANN STRAUß, FILHO (1825-1899)
Valsas a quatro pés (arranjo de Johann Mathias Michel)

JEAN LANGLAIS (1907-1991)
Double fantaisie

ROGER AMPT (1949)
Waltzing Matilda
Introduction and theme
Variation I – Playful
Variation II – Waltz fughetta
Variation III – Bold
Variation IV – Lament
Variation V - Finale


Samuel2023Samuel Pinto

Samuel Pinto é natural do Porto. Frequentou o curso geral da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos da mesma cidade, onde teve como maior influência o professor António Mário Costa. Paralelamente, frequentou a Fundação Conservatório Regional de Gaia, onde concluiu o 8º grau de Piano e Formação Musical. Frequentou os cursos de Música Sacra Católica e Órgão – Pedagogia na Hochschule für katholische Kirchenmusik und Musikpädagogik Regensburg, Alemanha, onde teve Stefan Baier e Franz Josef Stoiber como professores. Concluiu ainda o mestrado em Órgão – Performance na mesma escola, na qual foi professor assistente nas cadeiras de Teoria Musical e Formação Auditiva. Posteriormente, concluiu o Mestrado em Ensino de Música – variante Órgão na Escola Superior de Música de Lisboa. É professor no Curso Nacional de Música Litúrgica e membro fundador da Associação de Música Sacra de Braga, onde também leciona. Mantém uma atividade concertística regular, colaborando igualmente com várias paróquias e comunidades das Dioceses de Porto e Braga. Paralelamente à sua actividade musical, Samuel Pinto cursou ainda Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

 


Gregorio2023Gregório Gomes

Gregório Gomes é natural da Venezuela. Iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Oliveira de Azeméis, onde estudou Formação Musical, Piano e Violino. Posteriormente, concluiu o curso da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos da Diocese do Porto onde estudou Órgão, Harmonia e Direção Coral com António Mário Costa. Sob a orientação do mesmo professor, concluiu o 8º grau de Órgão no Conservatório de Música de Aveiro. Concluiu também o IV Curso Nacional de Música Litúrgica, tendo como professores António Esteireiro e Filipe Veríssimo. Concluiu a Licenciatura em Cravo pela Universidade do Minho, tendo estudado com o Hélder Sousa. Posteriormente concluiu o mestrado em Órgão – performance, na Universidade de Aveiro, sob orientação de António Mota. Organista na Sé Catedral do Porto desde Novembro de 2017, colabora igualmente em paróquias da diocese de Braga e Porto. Foi professor na Escola de Música Litúrgica São Frutuoso entre 2012 e 2018. É membro fundador da Associação de Música Sacra de Braga, sendo também professor nesta instituição. Tem realizado regularmente concertos, quer a solo, quer como acompanhador por todo o país.