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D 03Segunda-feira, 22 de outubro, 21h30 
Igreja de São Pedro (Funchal) 

Terça-feira, 23 de outubro, 20h30 
Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, 
(Porto da Cruz) 


 

Galina Stetsenko, órgão 
Denys Stetsenko, violino barroco 


Johann Sebastian Bach (1685-1750) é inquestionavelmente o maior génio de toda a música barroca. Nascido em uma família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas uma das suas funções mais destacadas foi a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig.

Para a abertura do recital, foi escolhida uma das seis Trio Sonatas escritas pelo Bach para órgão solo, em que a voz do baixo é executada na pedaleira do instrumento e as vozes solistas são distribuídas pelas mãos do organista. A versão apresentada compensa a ausente nos órgãos ibéricos pedaleira, adicionando o violino como intérprete de numa das vozes solistas, passando assim a voz do baixo para a mão esquerda do órgão.​

Trio Sonata ou Sonata em Trio é uma forma musical composta normalmente para dois instrumentos melódicos solistas e baixo contínuo totalizando as três partes que deram o nome de "sonata em trio" ao conjunto.

Domenico Scarlatti (1685 - 1757 ) foi um compositor e cravista italiano nascido em Nápoles. Filho de uma família de músicos, o mais provável é que tenha recebido os primeiros ensinamentos de seu pai, o compositor e professor Alessandro Scarlatti. O talento de Domenico foi evidente desde muito cedo: com apenas 15 anos foi contratado como organista e compositor da Capela Real em Nápoles. Teve depois o cargo de mestre de capela de Maria Casimira, Rainha da Polónia exilada em Roma. Na sequência de um convite mais lucrativo feito pelo rei D. João V, Scarlatti aceitou mudar-se para Lisboa em 1719 para ser compositor real e mestre dos príncipes seus filhos Maria Bárbara e António. Conhecido em Portugal também como Domingo Escarlate, teve uma produção alargada de sonatas para cravo, muitas dedicadas à princesa Maria Bárbara. É interpretada neste concerto a Sonata em Si Menor, K87.​

Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788). Compositor alemão, nascido em Weimar, foi o segundo dos filhos de Johann Sebastian Bach e da sua primeira mulher, a cantora Maria Bárbara. Depois de ter aprendido música com o seu pai, serviu como cravista na corte de Frederico, o Grande, em Berlim e, a partir de 1667, ocupou as funções de Mestre de capela em Hamburgo. Considerado grande virtuoso de clavicórdio e de piano que então assistia aos seus primeiros passos, contribuiu de modo assinalável para o desenvolvimento da forma sonata para este instrumento. A sua obra compreende concertos, sinfonias, música vocal e de câmara, além de peças avulsas para vários instrumentos.

Johann Christoph Friedrich Bach (1732-1795). Oriundo de Leipzig, e nono filho nascido do matrimónio de J.S Bach com a cantora Anna Magdalena Wulken, aprendeu música com o pai, como, de resto, todos os seus irmãos. Em 1750, depois de ter abandonado a Universidade de Leipzig, onde estudava direito, foi ocupar o cargo de músico de câmara da corte do conde Wilhelm von Schaumburg-Lippe, em Buckeburg, funções que acumulou, a partir de 1757, com as de mestre de concerto. Escreveu uma vintena de sinfonias, seis concertos para tecla, música de câmara, peças para instrumentos solo, uma ópera (perdida) e várias cantatas e oratórias sob textos adaptados pelo poeta Gottfield Herder, com o qual colaborou entre 1771 e 1776.

Francisco Xavier Baptista (?-1797) Compositor acerca do qual tudo se ignora, exceto que foi, segundo o «Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes»,de José Mazza, organista da Sé Patriarcal de Lisboa. Da sua autoria apenas se conhecem doze sonatas para cravo e uma modinha para duas vozes com acompanhamento de cravo.

Maksym Berezovsky (1740-1777). Compositor ucraniano, sabe-se muito pouco da sua vida e obra, a não ser que pertenceu à capela do príncipe Piotr Fedorovich, em Oranienbaum, perto de São Petersburgo, e que recebeu lições do padre Battista Martini na Academia Filarmónica de Bolonha. De regresso a São Petersburgo, foi nomeado membro do quadro dos teatros imperiais e mestre da capela da corte, nestas funções se havendo mantido até á data do seu falecimento, cujas circunstâncias ainda hoje permanecem desconhecidas, afirmando uns que se suicidou e outros que morreu de doença psíquica. O seu repertório de compositor inclui várias obras corais para a Igreja Ortodoxa, uma ópera (Demofonte), uma sinfonia e uma sonata para violino, composta em 1772 em Pisa, Itália e que hoje será ouvida pela primeira vez na Madeira, numa interpretação historicamente informada.

Denys Stetsenko


Recital de Órgão e Violino 

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Trio Sonata nº 5, em Dó Maior, BWV 529
Allegro
Largo
Allegro

Domenico Scarlatti (1685-1757)

Sonata em Si menor, K87 (Órgão
Andante mosso

Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788)

Sonata à Cembalo obligato e Violino H.502
Adagio ma non molto
Allegro
Adagio
Menuetto I – Menuetto II

Johann Christoph Friedrich Bach (1732-1795)

Allegretto com XVIII variationi «Morgen kommt der Weihnachtsmann»
Allegretto (Thema) - Variation I - Variation II - Variation III - Variation IV minore
- Variation V maiore - Variation VI Tempo di Minuetto - Variation VII Tempo primo
- Variation VIII Schwaebisch - Variation IX minore Allegretto - Variation X maiore –
Variation XI- Variation XII Siciliana, poco Allegro- Variation XIII Allegro –
Variation XIV- Variation XV - Variation XVI - Variation XVII minore - Variation
XVIII maiore

Francisco Xavier Baptista (?-1797)

Sonata em Sol Maior para Cravo e Violino
Allegro
Allegro – Minore - Allegro

Maksym Berezovsky (c.1740-1777)

Sonata para Violino e Baixo Contínuo (1772)
Allegro
Grave
Minuetto com 6. variazioni


Participantes


 

Galina StetsenkoGalina Stetsenko

Formou-se no Conservatório Estatal Tchaikovsky de Kyiv, capital da Ucrânia, onde estudou entre 1975 e 1980 com os professores Galina Bulybenko e Mykola Suk, tendo obtido o Diploma Superior de órgão e piano. Entre 1980 e 1994 lecionou na Escola Profissional Especial para jovens músicos talentosos. Apresentou-se como solista e em grupos de música de câmara, inclusive com o Trio Stetsenko, em várias cidades da Ucrânia, como também na Bélgica e França. Em 1998 participou no Simpósio de Órgãos Ibéricos decorrido na Região Autónoma dos Açores. Entre 1996 e 1999 foi pianista acompanhadora em várias Master-Classes de Felix Andrievsky e de Zakhar Bron em Espanha e Portugal. No Ano de 2003 participou no Congresso Internacional «O Órgão e a Liturgia Hoje» que decorreu em Fátima. No Ano 2009 participou na Master-Classe orientada pelo organista Jose Uriol em Lisboa. Apresentou-se nas Temporadas de Música de Câmara, organizadas pela Orquestra Clássica da Madeira. Desde 1995 leciona Órgão e Piano no Conservatório-Escola Profissional das Artes da Madeira.

Denys StetsenkoDenys Stetsenko

Natural da Ucrânia onde cresceu numa família de tradição musical. Iniciou os estudos de violino aos 6 anos com o seu tio. Reside em Portugal desde 1995. Estudou na Academia Nacional Superior de Orquestra e na Escola Superior de Música de Lisboa onde concluiu o Curso de Licenciatura em Violino. Foi concertino da Orquestra Académica Metropolitana e da Orquestra Sinfónica Juvenil, integrou a Orquestra de Câmara de Coimbra. Participou em vários Master- Classes com os professores Felix Andrievsky, Zakhar Bron, Gerardo Ribeiro, Richard Gwilt, Chiara Banchini, Enrico Onofri e Vittorio Ghielmi, entre outros. Frequenta o Curso de Mestrado em Música Antiga – Violino Barroco na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto, sob a orientação de professora Amandine Beyer. Colabora com as orquestras barrocas nacionais Divino Sospiro, Capela Real, Os Músicos do Tejo e agrupamentos de música antiga Sete Lágrimas, Concerto Campestre, La Nave Va. É membro fundador do Quarteto Arabesco e faz parte de projetos de música e dança tradicional. Desde 2002 leciona Violino e Música de Câmara na Academia de Música de Santa Cecília. É professor na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto, assistente de Amandine Beyer.


Notas ao Órgão


 

D 03 1Igreja de São Pedro

O órgão da Igreja de São Pedro foi adquirido em Inglaterra à firma Flight & Robson, no século XIX. Não possuímos documentação relativa ao ano da sua construção mas podemos situá-la antes de 1878, altura em que a mencionada firma foi comprada por Gray & Davison. Tão-pouco sabemos a data exata da instalação do instrumento na Igreja de São Pedro, mas em dois inventários (1838 e 1841) menciona-se um órgão “em muito bom uso” colocado no coro, facto que permite apontar para o atual instrumento (AHDF Inventário: 3). No decorrer do século XX, o órgão sofreu várias intervenções das quais resultaram, entre outros, a modificação do diapasão e da afinação, sem que tivessem acarretado, no entanto, danos significativos na originalidade do instrumento.

Em agosto de 1904, no decurso de uma campanha de beneficiação do coro alto da igreja, a Fábrica aproveitou também a ocasião para mandar reparar o órgão, tendo sido responsável pelo restauro Alfredo Saturnino Lino. Sabe-se que o conserto do órgão, como do restante conjunto, foi breve, pois em ofício assinado a 6 de agosto de 1904, o mestre declara que os trabalhos “deveriam ficar promptos até meados do corrente mez” (AHDF Documentos). As obras terminaram de facto a 25 de agosto; os trabalhos do coro e do órgão custaram 150.000 réis, tendo a Junta Geral do Distrito comparticipado com a importância de 50.000 réis, montante que se destinava exclusivamente ao conserto do órgão. Pelos vistos, esta intervenção deve ter sido pontual, pois passados dois anos, o periódico Heraldo da Madeira noticiava, no dia 15 de novembro de 1906, que o órgão da Igreja de São Pedro estava a ser sujeito a uma nova reparação.

Em 2006, este instrumento foi restaurado por Dinarte Machado.

Manual (GG, AA, C, D-f’’’)

Diapason 8’
Principal 8’ (c-f’’’)
Principal 4’
Flauta 4’
Piphar 2’
Cornet

D 05Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, Porto da Cruz

Este instrumento foi construído pela firma inglesa Flight & Robson de Londres (op. 101), no século XIX. Trata-se de um órgão tecnicamente idêntico ao da Igreja matriz de São Vicente e encontra-se instalado no coro alto. Não nos foi dada a possibilidade de consultar documentação sobre este instrumento, desconhecendo-se por isso as circunstâncias e o ano da sua aquisição. Em 2004-2005, o órgão foi restaurado por Dinarte Machado.

Manual (G, AA, C, D-f’’’)

Open Diapason 8’
Stop Diapason 8’
Principal 4’
Fifteenth
Sesquialtra & Cornet