Sexta-feira, 24 de Outubro, 21h30
Igreja de São Martinho
João Santos: órgão
Orquestra Clássica da Madeira
Norberto Gomes: direção artística
Os seis concertos de órgão Op. 4 de Haendel foram compostos entre 1735 e 1736 e foram publicados logo no ano de 1738. Esta combinação de instrumentos (órgão e orquestra) foi de certa forma iniciada por Haendel e seguida por muitos outros compositores até aos dias de hoje. Estes concertos destinavam-se a preencher os intervalos (Interludes) das Oratórias no Convent Garden.
Michel Corrette desempenhou um papel importante no estabelecimento da forma concerto em França.
Compositor no coração do Iluminismo, sintetizando a tradição francesa mas com um distinto aroma italiano. Os concertos para órgão e orquestra Op. 26 foram publicados em 1756, dada a sua grande admiração pelos concertos de Handel. Estes concertos foram executados na sua mansão, onde tinha um órgão com seis registos, para uma audiência de mais de 40 pessoas. Tratavam-se de concertos semanais onde Corrette divulgava a sua obra e também de outros compositores franceses mais antigos como Lully e Campra.
Embora considerados retrógrados na sua época, os concertos para órgão de Haydn revelam o tipo de escrita da sua juventude, já bem distintos em sonoridade e forma do género barroco. Desde os andamentos rápidos brilhantes até aos líricos adagios, andantes e largos, estes concertos são uma receita infalível pelo seu charme galante. Compostos numa época de grande desenvolvimento dos concertos para instrumentos de tecla, são comparáveis em importância aos concertos de Handel, mas abrindo já as portas para os concertos de piano de Mozart.
Weber escreveu o Adagio und Rondo para um instrumento experimental chamado Harmonichord. Este instrumento foi uma das várias tentativas de fundir o som do piano e do violino, mas sem grande sucesso. Trata-se de uma obra raramente executada, mas uma boa forma de terminar este concerto exclusivamente composto com obras para órgão e orquestra.
João Santos
Georg Friedrich Haendel (1785-1759)
Concerto para órgão e orquestra em Fá maior, Op. IV nº 4
Allegro
Andante
Adagio
Allegro
Michel Corrette (1707-1795)
Concerto nº 6 em ré menor
[Allegro]
[Andante]
[Presto]
Joseph Haydn (1732-1809)
Concerto para órgão e orquestra em Fá maior, Hob. XVIII:7
Moderato
Adagio
Allegro
Carl Maria von Weber (1786-1826)
Adagio e Rondó para harmónio e orquestra, Op. post. 15
Adagio molto
Allegretto
Participantes
João Santos João Santos é licenciado em Música Sacra pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa - Porto, onde estudou com Luca Antoniotti (Órgão), Eugénio Amorim (Composição e Direção de Coros), Cesário Costa (Direção de Orquestra), Anselm Hartmann (Piano), entre outros. João Santos tem-se destacado nas áreas de Órgão e Composição, tanto a nível nacional, com o 2o prémio no Concurso Nacional de Órgão do Instituto Gregoriano de Lisboa (2007), como internacionalmente, contactando com célebres organistas como T. Jellema, W. Zerer, M. Bouvard, J. Janssen, F. Espinasse, O. Latry, D. Roth, L. Scandali, entre outros. Participou nos prestigiados concursos internacionais de órgão em Alkmaar, (Holanda, 2007), Freiberg, (Alemanha, 2009) e Innsbruck (Áustria, 2010). Efetua regularmente concertos por todo o país e, recentemente, apresentou-se em recital a solo na Catedral de Westminster, Londres. Como compositor, a sua obra Tryptich para coro a cappella foi finalista no Simon Carrington Chamber Singers Choral Composition Competition (USA). João Santos é pianista acompanhador do Contratenor Luís Peças, com quem regularmente se apresenta em concertos por todo o País, bem como em digressões no estrangeiro, nomeadamente França, Suíça, Brasil, Estados Unidos, Bélgica, Inglaterra, Alemanha e Eslováquia. Atualmente, dirige, desde a sua fundação, o Coro Municipal Carlos Seixas (Coimbra), e detêm a titularidade dos órgãos da Catedral de Leiria e do Santuário de Fátima. |
Orquestra Clássica da Madeira Inicialmente constituída como Orquestra de Câmara da Madeira, fundada em 1964 pelo Prof. Jorge Madeira Carneiro, a Orquestra Clássica da Madeira (OCM) é uma das mais antigas do país em atividade. Presentemente, é gerida e dinamizada pela Associação Notas e Sinfonias Atlânticas (ANSA). |
Norberto Gomes O Violinista madeirense Norberto Gomes, iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música da Madeira, com sua irmã Zita Gomes, sendo suportado com uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi galardoado com vários prémios nacionais, sendo de destacar o 1º Prémio Nível Superior ‐ Solista no Concurso Músicos RDP e prémio medalha “Mérito Artístico” atribuído pelo Governo Regional da Madeira. Em 1989 inicia um longo período de formação na Ex‐URSS, sendo fortemente subsidiado pelo Governo Regional da Madeira onde teve oportunidade de estudar com vários pedagogos de mérito reconhecido, com destaque do distinto violinista, crítico musical e Pedagogo A. N. Gorochov. |
Notas ao Órgão
Igreja de São Martinho, Funchal
A referência documental mais antiga que conseguimos encontrar relativamente à existência de um órgão de tubos na Igreja Paroquial de São Martinho remonta a 1806. De acordo com um registo lançado pelo tesoureiro da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, foi contratado, em 1806, um organista para afinar o órgão (ARM Confraria: 2), verificando-se outras informações mais tardias relacionadas com intervenções de manutenção.
No registo da despesa do ano de 1862, lançada no Livro da Fábrica (1834-1877), o Vigário José Rodrigues de Almada anotava a quantia de 200.000 réis para pagamento do órgão novo, especificando que 150.000 réis foram aplicados pela Fábrica da Igreja, 40.000 réis transitaram do valor que foi pago sobre o antigo órgão e 10.000 réis foram oferecidos, perfazendo assim o preço real do instrumento (ARM Fábrica 1834-1877: 27).
Através desta fonte não foi possível determinar em que condições o seu transporte foi efectuado, nem mesmo onde foi adquirido. O certo é que, em 1863, o órgão encontrava-se já na igreja, pois, nesse mesmo ano, o Padre João G. de Noronha era contratado para afinar o referido instrumento, recebendo pelo seu trabalho 2.000 réis (ARM Fábrica 1834-1877: 28).
Verificada a transferência da paróquia para a nova igreja, sagrada em 1918, o órgão foi então levado para o novo templo, onde funcionou até 1934. Conforme os registos encontrados no Livro da Fábrica (1877-1954), o órgão foi objecto de sucessivas intervenções de manutenção, sendo as intervenções mais dispendiosas realizadas em 1879 (pagamento de 38.000 réis a Nuno Rodrigues) e, em particular, em 1916, pela circunstância de se encontrar muito desafinado e com várias deficiências técnicas (ARM Fábrica 1877-1954: 22-25v.º).
Enquanto instrumento de acompanhamento e dignificação das celebrações religiosas, o órgão da Igreja de São Martinho terá participado nas diversas solenidades, tendo em 1917 sido registado no Livro da Fábrica uma receita de 10$700 “proveniente da contribuição do órgão nos festejos” (ARM Fábrica 1877-1954: 26).
Composição
Stop Diapason Bass (Sol1-si)
Stop Diapason Treble (dó1-fá3)
Principal
Flute
Dulciana