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D 01Domingo, 23 de outubro, 18h00 
Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe (Porto da Cruz) 


Segunda-feira, 24 de outubro, 21h30 
Igreja de São Pedro (Funchal) 
Rheinberger: Canções sacras 
Armando Possante, barítono 
António Esteireiro, órgão 


Rheinberger: Canções sacras 

Joseph Rheinberger e Max Reger marcaram profundamente o renascimento da música para órgão no sul da Alemanha. Apesar de defenderem linguagens musicais bastante diferentes, ambos tinham em Johann Sebastian Bach (1685-1750) a sua maior referência musical, e produziram obra bastante considerável para órgão. Hoje quase desconhecido para a generalidade dos melómanos, Joseph Rheinberger foi um compositor e pedagogo bastante conceituado no nal do século XIX. O prestígio deste natural do Principado do Liechtenstein, ultrapassou largamente as fronteiras da Alemanha – residiu em Munique quatro décadas – merecendo até a admiração do eminente organista e pedagogo francês, Alexandre Guilmant (1837-1911). O irreverente Max Reger tinha também grande admiração por Rheinberger, e dedicou-lhe até a sua Fantasia e Fuga sobre B-A-C-H, op. 46 para órgão, obra extremamente arrojada para o ano de 1900. Nomeado sucessor de Rheinberger na Academia de Música de Munique, Reger não conseguiu contudo impor a modernidade da sua música, retirando-se apenas passado um ano para Leipzig. As canções sacras de Rheinberger são originalmente escritas para canto e órgão, contudo, as transcrições e adaptações para órgão eram muito comuns e apreciadas. Entre o número impressionante de transcrições feitas por Reger, encontram-se também várias obras de Johann Sebastian Bach e canções de Hugo Wolf escritas sobre poemas de Eduard Mörike (1804-1875). Sigfrid Karg-Elert foi contemporâneo de Max Reger em Leipzig, cidade onde também estudou e leccionou, tendo deixado obra relevante para piano, órgão, e para o seu instrumento de eleição Kunstharmonium, harmónio de concerto cujas imensas possibilidades tímbricas e dinâmicas Karg-Elert extraordinariamente aproveitou. A sua linguagem harmónica mais próxima de Debussy, Ravel e de alguns autores norte-americanos, contribuiu para o seu elevado prestígio fora da Alemanha, em especial nos Estados unidos e Inglaterra.

Hoje em dia menos reconhecido do que no seu tempo, Josef Renner jr. foi organista da Catedral de Regensburg na Baviera. Max Reger, numa descrição duma viagem sua a Regensburg, enaltece o trabalho e o virtuosismo de Renner enquanto organista da magní ca catedral de Regensburg. Em conjunto com Rheinberger, Renner desempenhou também um papel fundamental, na criação de novos repertórios concebidos especialmente para o ensino do órgão no espírito romântico do seu tempo.

António Esteireiro


Joseph Rheinberger (1839-1901)
¬ Seis canções sacras, op. 157 (1889)
› 1. Sehet, welche Liebe
› 2. Ich bin des Herrn
› 3. Wenn alle untreu werden

Sigfrid Karg-Elert (1877-1933)
¬ angelus, op. 26, n.o 5 *
¬ Siegesgesang Israel - Alla Händel, op. 101, n.o 5 *

Joseph Rheinberger
¬ Seis canções sacras, op. 157
› 4. Vater Unser
› 5. Nachtgebet
› 6. Ave Maria

Josef Renner jr. (1868-1934)
¬ Prelúdio em Sol maior, op. 41, n.o 3 *
¬ Prelúdio em Dó maior “Salve regina”, op. 41, n.o 4 *

Max Reger (1873-1916)
¬ Duas canções sacras, op. 105
› 1. Ich sehe dich in tausend Bildern
› 2. Meine Seele ist still zu Gott

Joseph Rheinberger
¬ Ave Maria *

Max Reger
¬ Romanze em lá menor *

Hugo Wolf (1860-1903) / Max reger
¬ Mörike-Lieder (1888)
› Auf ein altes Bild
› Gebet
› Schlafendes Jesuskind

* órgão solo

1. SEHET, WELCHE LIEBE
(Ph. Spitta)

Sehet, sehet, welche Liebe hat der Vater uns gezeigt!
Sehet, wie er voll Erbarmen über uns sein Antlitz neigt.
Seht, wie er das Allerbeste für das Allerschleschtste gibt:
Seinen Sohn für unsre Sünden, sehet, seht, wie er uns liebt!

Sehet, sehet, welche Liebe unser Heiland zu uns trägt,
wie er Alles für uns leidet, selbst dass man an’s Kreuz ihn schlägt! Wie er auch da noch den lezten Tropfen Blut’s für uns vergiesst! Sehet, seht, ob das nicht Liebe, namenlose Liebe ist!

Sehet, sehet, welche Liebe uns erzeigt der hel’ge Geist,
wie er auch den ärgsten Süner gern zum Leben unterweist,
wie er lehrend, strafend, tröstend immer zu den Menschen spricht,
o, wer priese solche grosse, dreifach grosse Liebe nicht!

VEDE, QUANTO AMOR
(Ph. Spitta)

Vede, vede quanto amor o Pai tem por nós!
Vede quão carinhosamente inclina seu rosto para nós.
Vede como em troca do que temos de pior nos dá o melhor:
O seu Filho em troca dos nossos pecados, vede, vede como é o seu amor!

Vede, vede quão grande
é o Seu amor, como o Senhor
nos é devotado,
Como por nós tudo suporta,
até à cruz ser pregado!
Como, na própria cruz, por nós se esvai a sua última gota de sangue! Vede, vede se não é isto amor, um amor infinito!

Vede, vede quanto amor o Espírito Santo por tem nós,
Como ele até aos piores pecadores incita a viver no bem,
Como ele os Homens sempre ensina, admoesta e conforta, Ó, quem não glori ca um amor tão grande, e tão sublime!

2. ICH BIN DES HERRN
(v. A. Knapp)

Ich Bin des Herrn!
Wol soll ich anders hin?
Mein Jesus nur hat ew’ge Lebensworte.
Hang’ich an ihm, blickt meine Seel’ aug hin,
so öffnet Gott mir seine Friedenspforte,
und sel’ges Licht umgibt mich nah und fern.
Ich, ich bin des Herrn!

Ich Bin des Herrn!
Er, der die Sünder liebt,
Tritt vor mein Herz mit seinen Todeswunden;
Er, der duch sie nun freie Gnade gibt,
der süsse König aller Freundenstunden,
will auch mein König sein;
das hör’ ich gern.
Ich, ich bin des Herrn!

Ich Bin des Herrn!
O Liebe, du bist gross,
du Trägerin der Gottesmajestäten. Auf ew’ges Glück gefallen ist mein Loss.

Dich will ich lieben, preisen und anbeten,
und jauchzen nach dem Tod von Stern zu Stern.
Ich, ich Bin des Herrn!

2. EU SOU O SENHOR
(de A. Knapp)

Eu sou o Senhor!
Para que outro lado me devo dirigir?
Só o meu Jesus tem palavras
de vida eterna.
Se car junto Dele, a Minh ‘alma também O vê,
Deus abre-me os portões da sua paz, E sou envolvido por uma luz bendita perto e longe.
Eu, eu sou o Senhor!

Eu Sou o Senhor!
Ele, que ama os pecadores, Surge perante o meu coração com as suas chagas mortais;
Ele, que através delas só concede favores abnegados,
O doce Rei de todas as horas
de alegria,
Também quer ser o meu Rei; Que alegria ouvi-Lo.
Eu, eu sou o Senhor!

Eu Sou o Senhor!
Ó amor, tu és grande,
Tu que trazes a majestade de Deus. O meu destino transformou-se
em felicidade eterna.

Quero amar-Te, louvar-Te e rezar-Te, E regozijar-me depois de morto
de estrela em estrela.
Eu, eu sou o Senhor!

3. WENN ALLE UNTREU WERDEN
(Novalis)

Wenn Alle untreu werden,
so bleib’ ich dir doch treu,
dass Dankbarkeit auf Erden
nicht ausgestorben sei.

Für mich um ng dich Leiden,
vergingst für mich in Schmerz,
drum geb’ ich dir mit Freunden
auf ewig dieses Herz!

Oft muss ich bitter weinen,
dass du gestorben bist
und Mancher von den Deinen
dich lebenslang vergisst!

Von Liebe nur durchdrungen,
hast du so viel gethan,
und doch bist du verklungen,
und keiner, keiner denkt daran!

Du stehst voll treuer Liebe
noch immer Jedem bei,
und wenn dir keiner bliebe
so bleibst du den noch treu.

Ich habe dich empfunden,
o lasse nicht von mir,
lass innig mich verbunden
auf ewig sein mit dir!

3. SE TODOS SE TORNAREM INFIÉIS
(Novalis)

Se Todos se tornarem in éis, Eu manter-me-ei el a ti,
Para que a gratidão
Não se extinga da face da terra.

Por mim, caste envolto
em sofrimento,
Por mim, padeceste na dor,
Por isso Te dou, para todo o sempre, Com alegria este coração!

Muitas vezes amargamente choro Por teres morrido
E por alguns dos Teus
Toda a sua vida Te terem esquecido!

Imbuído só de amor,
Foi tanto o que fizeste,
E apesar disso morreste,
E ninguém, ninguém pensa nisso!

Continuas repleto
de verdadeiro amor
Sempre ao lado de cada um,
E mesmo que ninguém quisesse saber de ti
Tu continuarias a manter-Te fiel.

Eu senti-Te,
Ó, não me abandones,
Deixa que me una a ti com fervor Que permaneça para sempre
a teu lado!

4. VATER UNSER
(Friedrich Dornbusch)

Unser Vater, der du bist im Himmel und auf Erden,
Es soll dein heil’ger Name stets gelobt, gepriesen werden.
Einst werde uns dein selig Reich zu Theil nach bitt’rem Leiden.
O süsser, reiner Herzenstrost, wenn wir von hinnen scheiden!
Dein Wille, Herr, der eine nur soll in der Welt geschehen
und ohne deine Willen nicht der kleinste Wurm vergehen.
O gieb uns unser täglich Brod und deinen heil’gen Segen.
Herr! Führe uns mit stärker Hand auf deinen Gnaden wegen. Barmherz’ger guter Vater du, vergieb uns unsere Sünden,
Wie wir auch zum Vergeben stets
bereit uns lassen nden.
Halt’ die Versuchung von uns fern mit deinem heil’gen Namen; Erlöse uns, allmächtiger Gott, von allem Übel. Amen!

4. PAI NOSSO
(Friedrich Dornbusch)

Pai Nosso, que estás no Céu
e na Terra,
Teu Santo Nome deve ser sempre louvado, glorificado.
Outrora partilhámos
Teu reino abençoado
após grande sofrimento.
Ó doce, puro consolo do coração, se nos separarmos!
A Tua vontade, Senhor, só deve ser uma em todo o mundo
E sem a Tua vontade nem mesmo o mais ín mo verme deve existir. Dá-nos o pão-nosso de cada dia
e a Tua bênção sagrada.
Senhor! Conduz-nos com mão rme graças à Tua misericórdia. Pai bom e caridoso, perdoa-nos
as nossas ofensas,
Tal como nós estamos sempre prontos a perdoar.
Não nos deixes cair em tentação com o Teu nome sagrado; Livra-nos de todo o mal, ó Deus todo-poderoso. Ámen!

5. NACHTGEBET
(Friedrich Oser)

Mit deiner Huld und Güte als wie mit einem Wall
umschirm‘, Herr, und behüte mich und die Meinen all.
Du bist‘s dess wir uns trösten auch in der nstern Nacht:
vom Kleinsten bis zum Grössten, o nimm uns all‘ in Acht!
Als wie die Sterne droben nun schimmern Bild an Bild,
sei über uns erhoben dein Vaterauge mild!
Und wie der Nachtwind geht erquickend durch das Thal,
sei Herz und Haus durchwehet von deinem Geist zumal.
Nimm‘s an auch, wenn wir danken, wie‘s Jedes, Herr, vermag,
daß treu du ohne Wanken uns bliebest Tag für Tag.
Und laß nun unsern Schlummer in dir gesegnet sein,
laß ohne Gram und Kummer uns sehn den Morgenschein!

5. ORAÇÃO DA NOITE
(Friedrich Oser)

Com a tua Graça e bondade, tal como um baluarte que me envolve, preserva-me Senhor a mim e aos Meus sob a tua protecção.
Tu és aquele que nos conforta
na noite escura:
do pequenino para o maior, toma-nos ao teu cuidado!
Tal como as estrelas imagem
a imagem cintilam no céu,
esteja atento sobre nós o vosso suave olhar paterno!
E como o vento nocturno sopra refrescante pelo vale,
seja protegido o nosso coração
e a nossa casa pelo Vosso espírito. Aceitai também quando te agradecemos Senhor, humildemente, para que el e sem vacilar permaneças no nosso dia a dia.
Deixai agora o nosso sono
ser por Vós abençoado,
e que sem dor e tristeza possamos ver o brilho da manhã.

6. AVE MARIA

Ave Maria
Gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu
In mulieribus
Et benedictus
Fructus Ventris tui, Jesu
Sancta Maria,
Mater Dei,
Ora pro nobis peccatoribus Nunc et in hora mortis nostrae Amen

6. AVE MARIA

Ave, Maria,
cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós
entre as mulheres,
e bendito
é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria,
Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Amén.

ICH SEHE DICH IN TAUSEND BILDERN
(Novalis)

Ich sehe dich in tausend Bildern, Maria, lieblich ausgedrückt, doch Keins von allen kann dich schildern,
wie meine Seele dich erblickt.
Ich wei nur, da der Welt Getümmel seitdem mir wie ein Traum verweht, und ein unnennbar süer Himmel mir ewig, ewig im Geüte steht.

EU VEJO-TE EM MIL IMAGENS
(Novalis)

Eu vejo-te em mil imagens, Maria, de expressão doce, Porém nenhuma de todas pode descrever-te
Como a minha alma te percebe.
Eu só sei que o tumulto do mundo Desapareceu desde então como um sonho;
E um inefável doce céu
Vive na minha alma eternamente.

MEINE SEELE IST STILL ZU GOTT
(Psalm 62)

Meine Seele ist still zu Gott,
der mir hilft.
Denn er ist mein Hort, meine Hüffe, mein Schutz,
dass mich kein Fall stürzen wird, wie grosser ist.
Hoffet auf ihn allezeit,
schüttet euer Herz vor ihm aus; Gott ist unsere Zuversicht.

A MINHA ALMA
ESPERA SOMENTE EM DEUS
(Salmo 62)

A minha alma espera somente em Deus: dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha salvação;
é a minha defesa;
não serei grandemente abalado.
Con ai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele
o vosso coração;
Deus é o nosso refúgio.

AUF EIN ALTES BILD

In grüner Landschaft Sommer or, Bei kühlen Wasser, Schilf und Rohr, Schau, wie das Knäblein Sündelos frei
Spielt aud der Jungfrau Schoß! Und dort im Wlade wonnesam, Ach, grünet schon des Kreuzes Stamm!

DIANTE DUM VELHO QUADRO

Na superfície estival de uma paisagem verde, ao pé da água fresca, juncos e canas contemplam como o menino inocente livremente brinca no regaço da virgem!
E ali na oresta deleitosa, ai! Cresce já o tronco da cruz!

GEBET

Herr, schicke was du willt, Ein Liebes oder Leides;
Ich bin vergnügt, daß Beides aus deinen Händen quillt.
Wollest mit Freuden und wollest mit Leiden
Mich nicht überschütten!
Doch in der Mitten,
Liegt holdes Bescheiden.

PRECE

Senhor, envia o que Tu queiras, Amor ou dor;
Ficarei contente com ambos Por saírem das tuas mãos.
Não queiras com alegria ou dor Assoberbar-me
Pois entre elas
Está a beleza da modéstia.

SCHLAFENDES JESUSKIND

Sohn der Jungfrau, Himmelskind! Am Boden, auf dem Holz der Schmerzen eingeschlafen,
Das der fromme Meister, sinnvoll spielend,
Deinen leichten Träumen unterlegte;
Blume du, noch in der Knospe dämmernd
Eingehüllt die Herrlichkeit des Vaters!
O wer sehen könnte,
welche Bilder hinter dieser Stirne, diesen schwarzen Wimpern,
sich in sanftem Wechsel malen!
Sohn der Jungfrau, Himmelskind!

MENINO JESUS DORMINDO

Filho da Virgem, Criança Celestial! Deitado no chão,
Dormindo no madeiro da dor, Que o devoto pintor colocou, cheio de alusões,
Sob os teus sonhos ligeiros;
Tu or, ainda fechada em botão, Contendo a Glória do Pai!
Oh, quem pudesse ver,
Que imagens, por trás desta fronte, destas negras pestanas,
São pintadas em suaves cambiantes!
Filho da Virgem, Criança Celestial!


Participantes


 

Armando PossanteArmando Possante

Armando Possante fez os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa, escolas onde atualmente ensina. Concluiu os Cursos Superiores de Direção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professora Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Estudou Canto em Viena com Hilde Zadek e frequentou masterclasses de Canto e Canto Gregoriano com os maiores especialistas mundiais. É diretor musical e solista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa tendo-se apresentado em concertos e orientado workshops em todo o mundo. Gravou mais de duas dezenas de discos com grande reconhecimento crítico. Conquistou vários prémios, entre os quais o 3o prémio no Concurso Luisa Todi e o 1o prémio no 7o Concurso de Interpretação do Estoril. Conquistou com o GVO, quatro primeiros prémios e vários prémios de interpretação em concursos internacionais. Apresenta-se regularmente como solista em recital, oratória e ópera, tendo colaborado com as principais orquestras e maestros do país.

Antonio EsteireiroAntónio Manuel Esteireiro

Natural de Lisboa, António Manuel Esteireiro é licenciado em Órgão pela Escola Superior de Música e Teatro de Munique, e em Música Sacra pela Escola Superior de Música Sacra de Regensburg (Órgão e Improvisação com Franz Josef Stoiber). Tais estudos só foram possíveis com o apoio da Diocese de Regensburg e da Fundação Geiselberg de Munique. Posteriormente frequenta a classe de Órgão de Hans-Ola Ericsson na Escola Superior de Música de Bremen. Tem realizado concertos tanto como solista, como integrado em várias formações corais e orquestrais, em vários países europeus, México e Brasil. Além de convidado regular dos principais ciclos de concertos e festivais de órgão nacionais, coordenou também os Ciclos de Concertos de Órgão na Basílica dos Mártires em Lisboa, e a Integral da Obra para Órgão de Olivier Messiaen, apresentada na Sé Patriarcal de Lisboa, por ocasião das comemorações do centenário deste compositor. Professor de Órgão nos Cursos Nacionais de Música Litúrgica organizados pelo Santuário de Fátima em colaboração com o Secretariado Nacional de Liturgia, é também colaborador regular do Serviço de Música Sacra da Paróquia de Santa Maria de Belém. No âmbito desta colaboração assumiu também a programação dos Ciclos de Concertos de Órgão no Mosteiro dos Jerónimos. Atualmente leciona no Instituto Gregoriano e na Escola Superior de Música de Lisboa as disciplinas de Órgão e Improvisação.


Notas ao Órgão


 

D 03Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, Porto da Cruz

Este instrumento foi construído pela firma inglesa Flight & Robson de Londres (op. 101), no século XIX. Trata-se de um órgão tecnicamente idêntico ao da Igreja matriz de São Vicente e encontra-se instalado no coro alto. Não nos foi dada a possibilidade de consultar documentação sobre este instrumento, desconhecendo-se por isso as circunstâncias e o ano da sua aquisição. Em 2004-2005, o órgão foi restaurado por Dinarte Machado.

Manual (G, AA, C, D-f’’’)
Open Diapason 8’
Stop Diapason 8’
Principal 4’
Fifteenth
Sesquialtra & Cornet

Igreja de São Pedro, Funchal

O órgão da Igreja de São Pedro foi adquirido em Inglaterra à firma Flight & Robson, no século XIX. Não possuímos documentação relativa ao ano da sua construção mas podemos situá-la antes de 1878, altura em que a mencionada firma foi comprada por Gray & Davison. Tão-pouco sabemos a data exacta da instalação do instrumento na Igreja de São Pedro, mas em dois inventários (1838 e 1841) menciona-se um órgão “em muito bom uso” colocado no coro, facto que permite apontar para o actual instrumento (AHDF Inventário: 3). No decorrer do século XX, o órgão sofreu várias intervenções das quais resultaram, entre outros, a modificação do diapasão e da afinação, sem que tivessem acarretado, no entanto, danos significativos na originalidade do instrumento.

Em Agosto de 1904, no decurso de uma campanha de beneficiação do coro alto da igreja, a Fábrica aproveitou também a ocasião para mandar reparar o órgão, tendo sido responsável pelo restauro Alfredo Saturnino Lino. Sabe-se que o conserto do órgão, como do restante conjunto, foi breve, pois em ofício assinado a 6 de Agosto de 1904, o mestre declara que os trabalhos “deveriam ficar promptos até meados do corrente mez” (AHDF Documentos). As obras terminaram de facto a 25 de Agosto; os trabalhos do coro e do órgão custaram 150.000 réis, tendo a Junta Geral do Distrito comparticipado com a importância de 50.000 réis, montante que se destinava exclusivamente ao conserto do órgão. Pelos vistos, esta intervenção deve ter sido pontual, pois passados dois anos, o periódico Heraldo da Madeira noticiava, no dia 15 de Novembro de 1906, que o órgão da Igreja de São Pedro estava a ser sujeito a uma nova reparação.
Em 2006, este instrumento foi restaurado por Dinarte Machado.

Manual (GG, AA, C, D-f’’’)
Diapason 8’
Principal 8’ (c-f’’’)
Principal 4’
Flauta 4’
Piphar 2’
Cornet