Terça-feira, 24 de outubro, 21h30
Igreja de São Martinho
Órgão e trompa alpina
Carlo Torlontano, trompa alpina
Francesco di Lernia, órgão
Órgão e trompa alpina
Rainer Bartesch vive em Munique. Nascido na Alemanha, toca trompa, trompa alpina e compõe música para filmes. Escreve música concertante e obras para o teatro musical, e é especialista na música de fora das culturas europeias. Silent Mountains é a primeira de um conjunto de seis peças para trompa alpina e órgão, cada um dos quais tenta sugerir uma energia, condição ou atmosfera caraterística da paisagem das montanhas alpinas.
Anton Zimmermann, nascido na Silésia, era compositor e contemporâneo de Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart. Zimmermann passou a maior parte da sua carreira em Bratislava, a então capital da Hungria, onde trabalhou como compositor, violinista, maestro e agente artístico. A Sinfonia Pastoritia em Sol maior é uma das obras pioneiras da segunda metade do século XIII que foram retomadas no período clássico e que contribuiu para a formação da obra sinfónica pastoralmente orientada do classicismo.
A bem-conhecida partita Was Gott tut, das ist wohlgetan de Johann Pachelbel retrata uma belíssima imagem das potencialidades musicais que os compositores barrocos possuíam.
O coral manualiter Erbarm dich mein, o Herre Gott BWV 721 é baseado no texto da versão em coral do Salmo 51, de 1524, embora a sua autenticidade como obra de Bach tenha sido questionada. A melodia do coral, na parte superior da textura, é ouvida contra um fundo de colcheias ligeiras, pulsantes, que projetam um sentido de gravitas. A sensação de solenidade é contrabalançada pela linguagem harmónica de Bach, que incorpora alguns desvios inesperados que sugerem a esperança. O Lamm Gottes unschuldig vem de uma descoberta muito empolgante de 1985, uma antologia manuscrita de prelúdios-corais, compilada por Johann Gottfried Neumeister na última década do século XVIII, e identificada como incluindo mais de 30 prelúdios-corais até então desconhecidos, datando dos anos formativos do compositor.
Nicola Hansalik Samale é um compositor e maestro muito talentoso. Em 2003 compôs para Carlo Torlontano Walpurgisnacht, para trompa alpina e orquestra. Meditation II é uma obra recente cujo arranjo para trompa alpina e órgão foi feito por Francesco di Lernia. Samale também completou sinfonias de Bruckner e Mahler, e recentemente a “Versão Samale” da Sinfonia nº 9 foi gravada por Simon Rattle e a Filarmónica de Berlim.
No fim do século XIX e no início do século XX, Marco Enrico Bossi era sem dúvida o mais importante compositor de música para órgão em Itália. Era muito bem conhecido, desde a Europa até aos EUA, onde, durante o mesmo período que Marcel Dupré, fez grandes sucessos com as suas tournées de concerto. Também teve um papel importante na construção de órgãos e na renovação da música sacra através do seu trabalho dentro da Reforma Ceciliana. A produção musical de Bossi é extensa. Nas suas composições, tais como Berceuse op. 142 nº 1, “Dors, mon enfant”, ouve-se a influência de grandes compositores como Franck e Vierne.
Leopold Mozart escreveu uma série de obras que exigiam o uso de instrumentos não encontrados habitualmente na orquestra. Teve a oportunidade de ouvir uma tromba alpina e ficou impressionado pela magnificência do instrumento, decidindo incluí-lo como solista na sua Sinfonia Pastorella.
É a primeira obra de música clássica dedicada à tromba alpina e, graças a audacidade de Leopold Mozart, temos agora a oportunidade de ouvir a tromba alpina na sala de concerto.
Rainer Bartesch (1964)
¬ Silent Mountains, para trompa alpina e órgão
Anton Zimmermann (1741-1781)
¬ Sinfonia pastoral para trompa alpina e órgão
› Introduzione – Adagio
› Presto
Johann Pachelbel (1653-1706)
¬ Partita sobre «Was Gott tut, das ist wohlgetan»
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
¬ Prelúdio de coral «Erbam dich nein, o Herre Gott», BWV 721
¬ Prelúdio de coral «O Lamm Gottes unschuldig», BWW 1095
Nicola Hansalik Samale (1941)
¬ Meditation II para trompa alpina e órgão
Marco Enrico Bossi (1861-1925)
¬ «Dors, mon enfant» Op. 142 nº 1
Tradicional
¬ Melodia escocesa
(arranjo para trompa alpina e órgão de Walter Gleissner)
Leopold Mozart (1719-1787)
¬ Sinfonia pastoral para trompa alpina e órgão
› Allegro moderato
› Andante
› Presto
Participantes
Carlo Torlontano Carlo Torlontano é, desde muitos anos, o trompista principal e solista com a Orquestra Sinfónica da RAI (Rádio Televisão Italiana) e no Teatro de São Carlo em Nápoles. Também se tem dedicado à divulgação da tromba alpina, promovendo este instrumento conhecido principalmente pelo seu uso na transmissão de sinais nos vales alpinos. Em várias ocasiões tocou como solista com numerosas orquestras sinfónicas e de câmara em todo o mundo, e tem tocado em várias transmissões radiofónicas e na televisão. No 250º aniversário de Mozart, tocou o Concerto para trompa alpina de Leopold Mozart na prestigiosa Grosser Saal des Salzburger Mozarteums. Desde 2001 tem sido convidado por “Martha Argerich & Friends” para tocar o Andante e Variações para dois pianos, dois violoncelos e trompa com Martha Argerich. Membro fundador de I Solisti del San Carlo, também toca trompa barroca com o ensemble de câmara barroco Concerto Italiano. É atualmente professor de Corno no Conservatório Superior de Música do Estado “Alfredo Casella” em L’Aquila, no Curso de Orquestra “F. Fenaroli” em Lanciano e no Teatro Lirico Sperimentale “A. Belli” em Spoleto. |
Francesco di Lernia Francesco di Lernia estudou órgão em Itália (Foggia e Bolonha) e na Alemanha, na academia de música de Lübeck Academy of Music, de 1987 a 1992, com Martin Haselböck. Graduou com o diploma de concerto com distinção. Ativo como concertista, tem tocado nos mais prestigiados festivais e centros de música da Europa, dos EUA e da Ásia, como organista e com conjuntos instrumentais (Wiener Akademie, Wiener Philharmoniker, etc.), gravando para várias redes de televisão e rádio. Di Lernia tem tocado nalguns dos festivais e centros de música mas prestigiados do mundo, como Orgelkunst International Festwochen (Viena), Sala Musashino (Tóquio), Sala Glinka (São Petersburgo), L’Europe & L’Orgue (Maastricht), St Bavokerk (Haarlem), Sala Gallus (Llubljana), Ossiach Charintischer Sommer, Festival de Órgão na Oude Kerk (Amesterdão), Academia Sibelius (Helsínquia), St Jacobi (Hamburgo), Semana Internacional da Arte Organística (Rio de Janeiro), Festival Internacional de Órgão (Treviso), Semana Internacional de Órgão (Granada), Festival Santander, etc. Editou as obras completas para órgão de Johann Kaspar Kerll e Antonio Caldara para Universal Edition em Viena. Reitor e Professor de órgão no Conservatório de Música “U. Giordano” em Foggia, é convidado a dar master classes e conferências pela Europa toda, nos EUA e na Ásia. Tem sido membro de júri para concursos internacionais de órgão. As suas gravações em CD tem recebido prémios internacionais. |
Notas ao Órgão
Igreja de São Martinho (Funchal)
A referência documental mais antiga que conseguimos encontrar relativamente à existência de um órgão de tubos na Igreja Paroquial de São Martinho remonta a 1806. De acordo com um registo lançado pelo tesoureiro da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, foi contratado, em 1806, um organista para afinar o órgão, verificando-se outras informações mais tardias relacionadas com intervenções de manutenção.
No registo da despesa do ano de 1862, lançada no Livro da Fábrica (1834-1877), o Vigário José Rodrigues de Almada anotava a quantia de 200.000 réis para pagamento do órgão novo, especificando que 150.000 réis foram aplicados pela Fábrica da Igreja, 40.000 réis transitaram do valor que foi pago sobre o antigo órgão e 10.000 réis foram oferecidos, perfazendo assim o preço real do instrumento.
Através desta fonte não foi possível determinar em que condições o seu transporte foi efectuado, nem mesmo onde foi adquirido. O certo é que, em 1863, o órgão encontrava-se já na igreja, pois, nesse mesmo ano, o Padre João G. de Noronha era contratado para afinar o referido instrumento, recebendo pelo seu trabalho 2.000 réis.
Verificada a transferência da paróquia para a nova igreja, sagrada em 1918, o órgão foi então levado para o novo templo, onde funcionou até 1934. Conforme os registos encontrados no Livro da Fábrica (1877-1954), o órgão foi objecto de sucessivas intervenções de manutenção, sendo as intervenções mais dispendiosas realizadas em 1879 (pagamento de 38.000 réis a Nuno Rodrigues) e, em particular, em 1916, pela circunstância de se encontrar muito desafinado e com várias deficiências técnicas.
Enquanto instrumento de acompanhamento e dignificação das celebrações religiosas, o órgão da Igreja de São Martinho terá participado nas diversas solenidades, tendo em 1917 sido registado no Livro da Fábrica uma receita de 10$700 “proveniente da contribuição do órgão nos festejos”.
Manual (GG, AA, C-f´´´)
Stop Diapason Bass (Sol1-si)
Stop Diapason Treble (dó1-fá3)
Principal
Flute
Dulciana