Festival de Órgão da Madeira 2015
Inserido no projeto “Festivais Culturais da Madeira” o Festival de Órgão da Madeira atinge, com a concretização da sua sexta edição, mais um patamar de crescimento, amadurecimento e afirmação própria e pública no seio de todos quantos anualmente o constituem e materializam (quer na qualidade de espetadores, intérpretes e/ou organizadores) bem como nos demais projetos congêneres, sejam estes nacionais ou internacionais.
O património organístico da Região Autónoma da Madeira está indissociavelmente ligado à própria história do arquipélago, com quase seis séculos sendo que, desde a edificação dos primeiros órgãos ibéricos na Sé do Funchal e Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Machico, por ordem de D. Manuel, passando pela importação de diversos exemplares provenientes de Inglaterra durante o apogeu dos mercadores que comercializavam com o Vinho Madeira até ao presente, o percurso deste notável instrumento, outrora apelidado de “rei dos instrumentos” tem-se redundado em diversos ciclos, infelizmente por vezes antagónicos mas importantes para a compreensão e consciência atual.
Com base na anterior análise o Governo Regional, através da Direção Regional da Cultura, tem implementado nas últimas décadas diversas medidas que visam não só a preservação de parte do património organístico da Madeira mas igualmente a sua valorização e divulgação, através deste festival, assumindo desta forma o seu papel de facilitador de experiências e diversas propostas temáticas, criando as melhores condições para que a comunidade local e turística autonomamente defina os seus hábitos e desenvolvimento cultural.
Ocupando uma importante posição no universo dos eventos culturais da RAM nunca será demais analisar e compreender os impactos que advêm da sua realização, nomeadamente nas suas vertentes de promoção, desenvolvimento da atratividade local, crescimento do turismo cultural e identificação e comprometimento de toda a comunidade madeirense para com o seu património e cultura, tornando-os desta forma agentes ativos e potenciadores do mesmo além-fronteiras, na medida em que o evento permanece para além do Festival, gerando promoção e reconhecimento da Madeira e da sua oferta cultural neste domínio.
A preocupação que a organização deste festival tem na oferta de um programa o mais eclético possível visa estimular e seduzir um público cada vez mais diversificado, de todos os estratos etários, para com a riqueza e dinamismo do órgão e da sua música, sendo que os múltiplos sentimentos e emoções gerados em cada um dos espetadores é, sem sombra de dúvidas, a principal razão da sua existência.
Carina Bento
Diretora Regional da Cultura
VI Festival de Órgão da Madeira
O Festival de Órgão da Madeira chega à sua sexta edição. Ao longo dos últimos anos, dezenas dos mais significativos organistas estrangeiros e portugueses apresentaram, a solo ou em colaboração com outros instrumentistas, cantores ou agrupamentos, mais de meia centena de concertos com programas diversificados - da Idade Média aos nossos dias, dos autores centrais do repertório organístico à improvisação, da polifonia renascentista ao jazz - perante um público global de milhares de pessoas. O nível artístico, a diversidade da programação e a adesão do público garantiram, só por si, um lugar de destaque para este evento no panorama nacional e internacional. Mas o Festival de Órgão da Madeira é também o coroar de uma ação - também ímpar em Portugal - de consistente preservação e divulgação do património organístico, da qual resultou a recuperação de uma dezena de instrumentos, a construção de um grande órgão, a realização de vários registos fonográficos e a edição de um inventário de todo o património organístico madeirense.
Este ano, seguindo as linhas de orientação manifestadas desde a sua criação, o Festival de Órgão da Madeira continua, por um lado, a explorar a diversidade do património organístico madeirense e, por outro, a oferecer uma programação variada e um leque de artistas de âmbito nacional e internacional. No campo dos recitais de órgão solo destaca-se o concerto de abertura na Igreja do Colégio pelas mãos de Olivier Latry, um dos titulares do órgão da Catedral de Notre-Dame em Paris. Outros recitais incluem um programa inglês na Igreja de Santa Luzia pela organista Ann Elise Smoot e uma homenagem à escola ibérica a cargo de Sérgio Silva no órgão da Igreja de Machico, o mais precioso instrumento histórico da Região. No âmbito da música de conjunto, para além de um concerto de coro e órgão com o jovem organista André Bandeira, um concerto centrado no repertório setecentista de raiz italiana pelo Ludovice Ensemble e uma exótica mescla de cante alentejano (e outras manifestações vocais) e órgão pelo grupo Cantechão, destaca-se o programa dedicado a Johann Sebastian Bach na Igreja do Colégio, com Élio Carneiro no grande órgão Dinarte Machado e Sérgio Silva no órgão Machado e Cerveira, que soará pela primeira vez após o seu recente restauro. O concerto de encerramento é marcado pela presença de Lorenzo e Vittorio Ghielmi, oferecendo as sonoridades do órgão, do cravo e da viola da gamba no espaço inigualável da Igreja do Convento de Santa Clara.
João Vaz
Diretor Artístico