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D 07Sábado, 10 de outubro, 21h30 
Sé Catedral 


André Bandeira (órgão) 
Coro Juvenil da DRE / Educação Artística: Zélia Ferreira Gomes, direção 


O programa do concerto desta noite apresenta-nos duas particularidades: um repertório que tem como fio condutor temas marianos; e o órgão utilizado na plenitude das suas funções - como instrumento acompanhador, como solista integrado na liturgia e, ainda, como instrumento concertista. O concerto abre com Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749) - Suite du premier ton, um conjunto de sete peças contrastantes no carácter e na registação, destinadas a alternar com o canto nos ofícios religiosos. Neste caso, os sete versos da Suite do 1º tom intercalam com o canto do Magnificat. Aborda-se, assim, uma das principais formas de execução da música litúrgica Católica Ocidental até ao Motu Proprio de Pio X ”Tra le sollicitude” (1903): a Prática Alternada (entre órgão e canto). O Prelúdio e Fuga em Lá menor BWV 543 terá sido escrito quando Bach ainda trabalhava em Weimar. A influência do “stylus phantasticus” do Norte da Alemanha é bem patente, especialmente no prelúdio, devido às suas passagens virtuosísticas, quase improvisatórias. A fuga apresenta um carácter ritmado e mais dançante devido ao seu compasso em 6/8. O Coral Meine Seele erhebt den Herren BWV 648 (A minha alma glorifica o Senhor) é o quarto da coletânea dos Sechs Choräle von verschiedener Art, mais conhecidos por “6 corais Schübler” por ter sido Johann Georg Schübler quem editou e publicou esta coleção de J. S. Bach. A melodia do coral, proposta pelo canto e que se destaca na versão para órgão, é a do Magnificat na religião luterana. Com o Ave Maria Op. 19b de Antonín Dvořák (1841-1904) abandonamos o período Barroco e entramos na típica linguagem musical do período Romântico do séc. XIX. Dvořák, juntamente com Bedřich Smetana, foi um dos melhores compositores da região da Boémia, sendo reconhecido, sobretudo, pela sua Sinfonia do Novo Mundo. A Prière à Notre-Dame (Oração a Nossa Senhora) é o 3º andamento da Suite Gothique Op. 25 de Léon Boëllmann. Publicada em 1895, esta Suite é das obras mais célebres de toda a música para órgão. Escrito na forma AABA, este andamento tem como base uma melodia acompanhada que vai evoluindo através de várias modulações. A melodia evoca uma “prece” que seria cantada numa igreja em estilo gótico, daí o seu carácter introspetivo e envolvente. Flor Peeters (1903-86) foi um dos compositores mais profícuos do séc. XX, um dos professores e pedagogos mais respeitados, um dos mais sublimes e prestigiados organistas do seu tempo (mais de 1200 concertos por todo o mundo) e uma das maiores personalidades artísticas da Bélgica. Todavia, a música de Peeters é ainda bastante desconhecida. Desde de 1663, que Flos Carmeli é utilizada pelas Carmelitas como sequência para a Festa de Nossa Senhora do Monte Carmeli. Flor Peeters musicou esta letra em 1958 para órgão e canto a duas vozes iguais (provavelmente para ser executada por religiosas carmelitas). Composta em 1931 e dedicada ao seu grande amigo organista e compositor Charles Tournemire (1870-1939), a Toccata, Fugue et Hymne sur 'Ave maris stella' Op. 28 (Salvé, estrela do mar) é a obra para órgão mais executada e reconhecida de F. Peeters. Toda a peça é conduzida pela melodia gregoriana e com figuração que evoca as ondas do mar.

André Bandeira


Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749) 
Suite du premier ton (alternada com o Magnificat de 1º tom) 
Grand plein jeu
Fugue
Duo
Trio
Basse et dessus de trompete
Dialogue sur les grands jeux

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Prelúdio e fuga em lá menor BWV 543
Prelúdio de coral Meine Seele erhebet den Herrn BWV 648

Antonin Dvořák (1841-1904)
Ave Maria, Op.19b

Léon Boëllmann (1862-1897)
Prière à Notre-Dame (Suite Gothique, Op. 25)

Flor Peeters (1903-1986)
Flos Carmeli, Op. 89a
Toccata, fuga e hino sobre Ave maris stella Op. 28


Participantes


 

Andre Bandeira1André Bandeira

Iniciou os seus estudos musicais no Curso de Música Sacra da Diocese do Porto, onde estudou Órgão com Rosa Amorim e Piano com Rui Pintão. Desejando aprofundar os seus conhecimentos de literatura organística, estudou Órgão com Paulo Alvim no Conservatório de Música do Porto. Em 2008, concluiu a Licenciatura em Música da Universidade de Aveiro, onde estudou Órgão sob orientação de Domingos Peixoto e, posteriormente, com Edite Rocha, terminando com a classificação máxima a disciplina de Órgão. Em 2013, concluiu o Mestrado em Performance dedicado à obra para órgão de Flor Peeters. Teve também oportunidade de fazer Masterclasse de Órgão com Michael Bernreuther, Jesús Gonzálo Lopez, Stefan Baier, Louis Robilliard, Johannes Lendgren e Louis Rogg. Como solista tem realizado concertos por todo o Norte e Centro do país, de destacar, concertos integrados na Temporada de Jovens Organistas em Aveiro, no Festival Internacional de Órgão de Lisboa, no Ciclo “Ecos de Órgão” de Coimbra e no Ciclo de Órgão e Música Sacra do Porto. Lecionou no Conservatório Regional de Música de Viseu e no Conservatório de Música de Aveiro. Desde 2010, é professor de Órgão no Conservatório de Música do Porto. É organista na Igreja de Cedofeita (Porto).

Coro Juvenil3Coro Juvenil da DRE / Educação Artística

Atualmente é composto por 40 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 29 anos. Desde a sua fundação, o coro tem vindo a participar em inúmeras atuações de carácter sociocultural, destacando-se a sua participação nos Festivais da Canção Infantil da Madeira, bem como em programas de rádio e televisão. Em 1995, “Ano Internacional da Família”, gravou e cantou na Madeira o “Hino da Família” a pedido do Centro Regional da Segurança Social. Lançou o seu primeiro CD em 1995, em conjunto com os grupos musicais do GCEA. Em Junho de 1996 representou Portugal no Festival Internacional de Coros de Cantonigrós (Espanha). No ano de 1999 integrou o CD duplo com os grupos musicais do GCEA editado pela Secretaria Regional de Educação e o 1º CD “Cânticos Religiosos do Natal Madeirense”, editado pela DRAC. Em Abril de 2000 participou no 8º Festival Internacional de Música para Jovens em Vila Nova de Gaia. No mesmo ano integrou o CD “Cânticos Religiosos do Natal Madeirense II”, editado pela Secretaria Regional de Educação. Em Maio de 2001, representou Portugal no 24º festival Internacional de Coros Infantis e Juvenis de Celje – Eslovénia. Integrado nos 500 Anos da Cidade do Funchal, coadjuvou na Ópera “Orquídea Branca”, libreto de João Aguiar e música de Jorge Salgueiro em 2008 no Teatro Baltazar Dias. A direção artística desde a sua fundação é da responsabilidade da professora Zélia Ferreira Gomes.

Coro Juvenil zelia gomesZélia Gomes

Doutorada em Ciências do Trabalho, área da Psicologia Social, pela Universidade de Cádiz, Espanha; Diploma de Estudos Avançados em Ciências do Trabalho, área da Psicologia Social, pela Universidade de Cádiz, Espanha; Mestrado em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico; Licenciatura em Administração e Gestão Escolar pelo Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE) de Odivelas; Profissionalização em Serviço pela Universidade da Madeira - Centro Integrado de Formação de Professores; Diplomada com o Curso Superior de Canto e Concerto pelo Conservatório de Música da Madeira. Entre 2008/2011, lecionou a disciplina de Técnica Vocal na Licenciatura em Educação Musical no Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE) de Odivelas; A partir de 1990/91 é Professora de Canto/Canto Coral e Diretora Artística dos Coros Infantil, Juvenil e EVRP na DSEAM; A partir de 2001 obteve o cargo Diretora Artística do Coro de Câmara da Madeira; entre 1990 a 2000 foi Diretora Artística do Grupo Coral do Estreito de Câmara de Lobos; 1998/99 a 2001/02 lecionou a disciplina de Canto no Conservatório de Música da Madeira - Ensino Artístico (CEPAM) e Diretora Artística do Coro Juvenil do CEPAM. Tem realizado numerosos concertos nomeadamente na RAM, Porto Santo, Portugal continental, Espanha, Eslovénia.


Notas ao Órgão


 

D 041Sé Catedral

Na Sé do Funchal, a presença de um órgão surge documentada pela primeira vez no alvorecer do século XVI. Em 1739, D. João V ofereceu à Sé um novo órgão, construído em Lisboa pelo organeiro Francisco do Rego Matos. Em 1740, o Cabido mandou colocar este instrumento na primitiva tribuna, situada à esquerda da capela-mor. Encontrando-se num estado não funcional, em 1925 o órgão foi desarmado e, onze anos depois, oferecido à Igreja do Colégio. Em sua substituição, o Cabido da Sé optou por comprar o órgão então pertencente à Igreja Anglicana. A acta da sessão do Cabido da Sé, lavrada a 5 de Janeiro de 1937, refere “que por ordem de Sua Ex.ma Reverendíssima, o Senhor Bispo havia comprado o actual órgão que pertencia à Igreja Anglicana, cujo custo foi de trinta e quatro contos e quinhentos escudos, acrescidos das despesas de transporte, montagem, etc”, sendo colocado no coro alto à entrada da porta principal da Sé. Este instrumento, desde então várias vezes intervencionado, foi construído em Inglaterra no ano de 1884, por encomenda de um médico inglês que residia na Madeira e que também se dedicava à arte organística. A dada altura, este médico decidiu oferecê-lo à Igreja Anglicana.

O órgão resultara da colaboração de vários organeiros, tendo sido o responsável pela montagem T. A Samuel no ano de 1884 (Organ Builder, Montague Road, Dalston-London). Os tubos – ou uma parte dos tubos – foram construídos pela firma Charles S. Robson (1861), os someiros pela firma Wilson Gnnerson, os teclados pela firma S. W. Browne e uma parte dos tubos metálicos pela empresa A. Speneir (1884).

Originalmente munido de uma tracção mecânica, há três décadas o instrumento sofreu consideráveis modificações, tendo-se alterado partes do mecanismo e acrescido alguns registos palhetados “em chamada”. Estas intervenções acabaram por descaracterizar completamente o órgão, sem lhe conferir maior qualidade musical. Em consequência disto e com a intenção de proporcionar à Sé Catedral um instrumento adequado para fins litúrgicos e concertísticos, realizaram-se nos anos de 1995/96 importantes obras de restauro que foram levadas a bom termo por Dinarte Machado.

I Manual (C-g’’’)
Open Diapason 8’
Flöte 8’
Holz Bourdon 8’
Principal 4’
Waldflöte 4’
Nazard 2 2/3’
Super Octave 2’
Mixture 1 1/3’ de 4 filas
Dulçaína
Trompette 8’

II Manual (C-g’’’)
Voix Celeste 8’
Gamba 8’
Gedeckt 8’
Principal 4’
Spitzflöte 4’
Octave 2’
Simbala 1’ de 4 filas
Krummhorn 8’
Tremblant

Pedal (C-g’’’)
Subbass 16’
Open Diapason 16’
Octave 8’
Bombarde 16’
Trompette 8’

Acoplamentos
I/II
I/Pedal
II/Pedal