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3Evangelista2024Grande órgão
Dinarte Machado, 2017

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Este instrumento, com os seus 1586 tubos sonoros, integra-se num espaço sagrado de características bem particulares. Tratando-se de uma igreja de arquitectura típica dos colégios jesuítas, com uma nave de admirável amplitude e com acústica bastante amena, o órgão tinha de ser concebido, especialmente no que diz respeito às medidas dos tubos, com cuidado muito especial e singular. Assim, toda a tubaria deste instrumento, talhada em medidas largas, ecoa com intensa profundidade, e cada registo emite uma sonoridade com personalidade própria, fazendo parte de um conjunto harmónico mais baseado em sons fundamentais e menos em timbres resultantes dos harmónicos. Entendeu-se que seria indispensável doar este instrumento de uma certa “latinidade” sonora capaz de favorecer a execução de música antiga das escolas italiana, espanhola e portuguesa dos séculos XVII e XVIII.

Outro aspeto tomado em conta foi a necessidade de complementar o panorama organístico atual e local: o novo grande órgão presta-se, de uma forma ideal, para a realização de obras de épocas e de exigências técnico-artísticas para as quais nenhum dos 24 instrumentos históricos da Madeira oferece as condições adequadas, valorizando, para além disso, o conjunto do património organístico da Ilha da Madeira através da sua própria existência neste particular espaço sagrado, bem como por meio da sua convivência com os espécimes históricos. Na própria decisão de o colocar na Igreja do Colégio foram tomados em conta não apenas o espaço acústico, estético e litúrgico, mas também o fato de nele existir um importante órgão histórico que foi restaurado em 2015 por Dinarte Machado.

I Manual − Órgão Principal (C-g’’’)
Flautado aberto de 12 palmos [8’]
Flautado tapado de 12 palmos [8’]
Oitava real [4’]
Tapado de 6 palmos [4’]
Quinzena [2’]
Dezanovena e 22ª
Mistura III
Corneta IV
Trompa de batalha* (mão esquerda / bass)
Clarim* (mão direita / treble)
Fagote* (mão esquerda / bass)
Clarineta* (mão direita / treble)

Pedal (C-f’)
Tapado de 24 palmos [16’]
Bordão de 12 palmos [8’]
Flautado de 6 palmos [4’]
Contrafagote de 24 palmos [16’]
Trompa de 12 palmos [8’]

II Manual − Órgão Positivo (C-g’’’)
Flautado aberto de 12 palmos [8’]
Tapado de 12 palmos [8’]
Flautado aberto de 6 palmos [4’]
Dozena [2 2/3’]
Quinzena [2’]
Dezassetena [1 3/5’]
Dezanovena [1 1/3]
Címbala III
Trompa real [8’]

Acoplamentos
II/I
I/Pedal
II/Pedal
* palhetas horizontais


Igreja de São João Evangelista

Órgão de coro
António Xavier Machado e Cerveira, finais do séc. XVIII
Dinarte Machado (rest.), 2015

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Trata-se de um órgão de armário, de tamanho médio, construído pelo organeiro português, António Xavier Machado e Cerveira, no último quartel do século XVIII. Foi mandado construir para a Sé do Funchal, e ali colocado numa tribuna do lado do Evangelho, debaixo do segundo arco lateral. Mais tarde foi submetido a uma intervenção, no sentido de o adaptar ao gosto da época. Embora a análise da documentação existente seja inconclusiva, parece ter sido feita durante a última metade do século XIX. Essa intervenção teve em conta, acima de tudo, a ampliação do instrumento (incluindo a caixa), assim como a sua colocação numa tribuna também do lado esquerdo, mas junto ao coro alto. Como o instrumento era pouco visível, foi construída uma caixa que ostentava duas fachadas: a do lado do teclado e uma do lado esquerdo de forma que pudesse proporcionar uma vista lateral ampliada, que nada tinha a ver com a configuração original.

Foi este instrumento, assim alterado, que foi vendido para a Igreja do Colégio. Ali permaneceu, no lado esquerdo do coro-alto, com a fachada lateral virada para o corpo principal da igreja e a do lado do teclado para o centro do coro. Em 1993, o organeiro Dinarte Machado analisou em pormenor o instrumento, verificando que o mesmo envolvia um outro, mais pequeno, mas que conservava grande parte das sua caraterísticas originais. Por análise comparativa, concluiu tratar-se de um órgão da escola portuguesa de organaria do último quartel do século XVIII, construído por António Xavier Machado e Cerveira.

Desde logo foram informadas as entidades competentes da importância deste instrumento. Por se tratar de um órgão mais pequeno, pretendeu-se restaurá-lo, tornando-o no órgão de coro da Igreja do Colégio, com vista ao seu uso na liturgia, alternando com o grande órgão do coro alto. O trabalho de restauro, assente numa profunda investigação de todas as peças existentes, permitiu a eliminação de todas as adições espúrias reaproximando o instrumento da sua forma original. Da caixa do órgão original, só subsistia parte da estrutura e a fachada (que se conservou desde o início), tendo sido tudo o mais reconstruído com base nos órgãos da mesma época de Machado e Cerveira. O restauro foi concluído em 2015.

Manual (C - d’’’)
Mão esquerda / Bass (C - c’)

Flautado de 12 tapado [8’]
Flautado de 6 aberto [4’]
Flautado de 6 tapado [4’]
Quinzena [2’]
Dezanovena [1 1/3’]
Compostas de 19ª e 22ª III
Cheio V
Fagote [8’]

Mão direita / Treble (c#’ - d’’’)
Flautado de 12 aberto [8’]
Flauta travessa [8’]
Flautim [4’]
Composta de 15ª, 19ª e 22ª III
Cheio IV
Corneta
Voz humana
Clarim [8’]

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