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Festival Internacional de Órgão da Madeira 2024

O Governo Regional da Madeira promove a décima terceira edição do Festival Internacional de Órgão da Madeira. Este evento, pelo histórico de qualidade a que nos habituou por mérito próprio, constitui, um dos mais relevantes festivais deste género na Península Ibérica.
Como corolário de uma lúcida estratégia e investimento destinado à preservação e divulgação do nosso património organístico regional, é possível, ano após ano, a realização deste festival com esperado esplendor, e a exímia interpretação deste instrumento – o órgão, enquanto património artístico e cultural de singulares características.
Este convite a uma viagem de fruição multissensorial e introspetiva, traduz-se num rico e vasto programa de dez concertos sob a temática da improvisação e uma solenização eucarística, que decorrerá entre os dias 18 e 27 de outubro, conforme anunciado no programa. Prevemos momentos únicos de «redescoberta» da singularidade proporcionada por cada um destes instrumentos.
O Festival Internacional de Órgão da Madeira realiza-se assim graças às conjugadas sinergias de vários parceiros, pelo que manifesto reconhecidamente a minha gratidão à inexcedível colaboração da Diocese do Funchal pela disponibilidade pelo uso das igrejas envolvidas. O mesmo reconhecimento ao diretor artístico do Festival – Professor João Vaz, que, uma vez mais, empresta todo o seu tempo e conhecimento a este evento, bem como ao Coro de Câmara da Madeira, no seu precioso papel na produção deste festival.
A todos endereço os votos de um excelente festival!

 

— EDUARDO JESUS —
SECRETÁRIO REGIONAL DE ECONOMIA, TURISMO E CULTURA

 


A arte da Improvisação

No contexto da música ocidental, o órgão é o único instrumento que manteve presente ininterruptamente até hoje a prática da improvisação. Esta presença – que noutros instrumentos se perdeu à medida em que a escrita musical se foi afirmando – deveu-se em grande parte à função «utilitária» do organista enquanto colaborador (ou mesmo protagonista) da liturgia, a qual permaneceu ao longo dos séculos, ajustando-se às transformações operadas no ritual das diferentes religiões cristãs ocidentais. O Festival Internacional de Órgão da Madeira, na sua décima terceira edição, presta homenagem a esta faceta do órgão – e dos organistas – que é tão complexa como espectacular.
Bach, Haendel, Frescobaldi, Cabezón e muitos dos organistas-compositores que a História da Música venera foram no seu tempo, brilhantes improvisadores. A capacidade de improvisar ornamentação sobre uma peça escrita, ou de criar espontaneamente um interlúdio musical, fazia parte do arsenal técnico de qualquer organista dos séculos XVI, XVII e XVIII. Esta improvisação estilística (em ambas as vertentes referidas) será demonstrada por Sérgio Silva, André Ferreira e Fernando Miguel Jalôto.
Já nos séculos XIX e XX, Widor, Dupré, Cochereau e Lefebvre notabilizaram-se mais no campo da improvisação do que na execução de repertório escrito. A capacidade de improvisar uma obra – ou seja, de a conceber no momento em que é executada – poderá ser apreciada logo no primeiro concerto do festival, onde o organista alemão Wolfgang Seifen oferecerá um recital inteiramente improvisado. Outros momentos de improvisação, alternados com a interpretação de repertório, serão proporcionados, ao longo do festival, por António Esteireiro, Charles Balayer, Christoph Hauser e Juan de la Rubia. Do material temático proposto aos organistas – desde melodias litúrgicas ao jazz – salienta-se o Canto Gregoriano, que assume uma importância especial como fonte de inspiração para a música de órgão, no universo da liturgia católica.
Juntamente com os organistas, participarão este ano no festival a Orquestra Clássica da Madeira (dirigida por Martin André), o Coro de Câmara da Madeira (dirigido por Zélia Gomes), o Coro Gregoriano de Lisboa (dirigido por Armando Possante) e as cantoras Mariana Moldão Martins e Carla Moniz. Ao longo de dez dias, os órgãos das igrejas do Funchal, Machico e Ponta do Sol darão voz a improvisações e a obras do século XVI até aos nossos dias, exprimindo linguagens musicais tão variadas como a polifonia renascentista, o romantismo sinfónico ou o jazz.

— JOÃO VAZ —
DIRETOR ARTÍSTICO