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8 22 2422 outubro, terça-feira, 21H30
Igreja de São Pedro, Funchal

Sérgio Silva, órgão
Mariana Moldão, soprano

O presente programa pretende ilustrar uma viagem cronológica das tradições musicais em Inglaterra e das práticas de improvisação associadas entre os séculos XVI e XX.

Veni, Redemptor gentium surge como uma adaptação textual do hino gregoriano Hodie nobis gaudia. Destinado ao tempo do Advento, apresenta sete estrofes que serão apresentadas da seguinte forma, num ensaio da prática alternatim: quatro versos ímpares cantados e três versos pares em órgão − dois compostos por Tallis e um terceiro improvisado ao órgão na mesma estética.

Devido ao enorme sucesso da sua peça para alaúde Lachrimæ, Dowland compõe Flow My Tears, acrescentando à anterior um poema em duas vozes, soprano e baixo, hoje apresentada numa adaptação para soprano e órgão. O sucesso de Lachrimæ na época foi tal que vários compositores lhe dedicaram o seu próprio arranjo, caso de William Byrd em Pavana Lachrymæ, onde as práticas de improvisação são notórias, com a inclusão de ornamentação e passagens de figuração rápida.

Baseado no texto de Nahum Tate, Tell Me Some Pitying Angel demonstra o génio de Purcell ao descrever musicalmente a sucessão desconcertante de mudanças de emoção no relato da aflição e desespero de Maria com o desaparecimento de Jesus com doze anos no Templo. Escrita para soprano e baixo contínuo, os instrumentos harmónicos que acompanham a voz, neste caso o órgão, podem improvisar a realização do baixo cifrado de acordo com a harmonia indicada e o carácter emotivo.

O género Voluntary surge no contexto litúrgico como peça executada antes e/ou depois do ofício em estilo livre e improvisado, de acordo com a vontade do organista. Em Purcell observa-se uma riqueza formal, rítmica e melódica, muito ornamentada num contraponto livre e sólido. Wesley representa o género na sua época clássica, com três andamentos de naturezas distintas: uma introdução calma, doce e melódica, um interlúdio concertante e figurado com alternância de recursos do órgão e um fugato elaborado com uma cadenza improvisada em andamento lento para conclusão.

Ao longo da vasta tradição musical inglesa, casos houve de enorme sucesso de compositores estrangeiros, tais como Georg Friedrich Händel. A ária I know that my Redeemer liveth inicia a terceira parte da oratória The Messiah, logo após o famoso Halleluja, e está escrita para soprano, violinos e baixo contínuo. A par da ornamentação livre e das cadenzas conclusivas na linha do canto, subsiste a possibilidade de improvisar a realização do baixo cifrado, enquanto se ornamenta a linha dos violinos.

Abide with Me constitui um dos hinos mais famosos da liturgia anglicana, tendo sido escrito por Henry Francis Lyte e musicado por William Henry Monk. Pretendendo demonstrar a prática na liturgia, são apresentados dois textos, um na versão original de Monk, e outro com harmonização livre improvisada, alternados com uma improvisação em forma de interlúdio.

John Ireland é autor de uma das mais célebres e bonitas canções de Natal – The Holy Boy – provavelmente a peça mais famosa da sua produção. Originalmente composta para piano solo, a melodia aparentemente simples é muito enriquecida com uma estrutura harmónica colorida e complexa.

— SÉRGIO SILVA —


Programa

English Hymnal

¬ Veni, Redemptor gentium
alternado com
Thomas Tallis (c.1505-1585)

¬ Dois versos sobre
«Veni, Redemptor gentium» *
Sérgio Silva (1981)

¬ Improvisação sobre
«Veni, Redemptor gentium» *

John Dowland (1563-1626)

¬ Flow, my tears

William Byrd (1543-1623)

¬ Pavana Lachrymæ *

Henry Purcell (1659-1695)

¬ Tell me some pitying angel, Z 196

¬ Voluntary em Ré menor, Z 718 *

Georg Friedrich Haendel (1685-1759)

¬ I know that my Redeemer liveth
(The Messiah, HWV 56)

Samuel Wesley (1766-1837)

¬ Voluntary VII, Op. 6 *
› Largo
› Andante quasi Allegretto
› Moderato

William Henry Monk (1823-1899)

¬ Abide with Me

Sérgio Silva

¬ Improvisação sobre
«Abide with Me» *

John Ireland (1879-1962)

¬ The Holy Boy

* órgão solo

 

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