24 outubro, quinta-feira, 21H30
Igreja de São João Evangelista, Funchal
Christoph Hauser, órgão
As peças selecionadas são predominantemente compostas num carácter alegre. Fanfare and Processional de Andrew Carter foi pensada como uma abertura brilhante para um serviço festivo. O compositor inglês escreve frequentemente para órgão e para a liturgia anglicana. Na Fanfare podem-se ouvir as trombetas horizontais do órgão, que sublinham o carácter festivo da peça. A Sonata de Giambattista Martini transparece uma alegria viva nos andamentos rápidos: a técnica de composição é marcadamente polifónica e delicada, e a obra tem uma aparência de facilidade, embora seja bastante difícil de tocar. Curiosamente, o jovem Mozart aprendeu teoria musical com o Padre Martini. Jupiter, bringer of Joy de Gustav Holst (da famosa suite The Planets) contém, após a introdução ritmicamente exuberante, um hino impressionante e famoso que é inclusivamente cantado como um cântico religioso em Inglaterra. Gustav Holst pretendia inicialmente seguir a carreira de pianista. Aos dezessete anos, porém, teve que desistir desse plano, devido a uma infecção nervosa no braço, que o acompanharia pelo resto da vida. Holst também sofreu de asma e miopia ao longo de sua vida. Em contraste, Jean-François Dandrieu era um intérprete muito requisitado de cravo e órgão e deve ter improvisado de forma incrivelmente impressionante. Aos dezoito anos foi nomeado organista da igreja de Saint-Merry em Paris. Em 1721 foi promovido a organista da Capela Real. Finalmente, em 1733, sucedeu ao seu tio, Pierre Dandrieu (1664-1733), na mesma função em Saint-Barthélemy. Foi um dos compositores franceses da sua época a tentar romper com as rígidas convenções musicais da sua terra natal, introduzindo também elementos do estilo italiano, muito menos rígido. Dandrieu compôs obras de todos os géneros, incluindo sonatas para violino, peças para cravo e órgão e diversas árias. A peça incluída neste recital é uma das mais exuberantes da sua autoria. Licinio Refice (1883-1954) foi um compositor e padre italiano. Com Monsenhor Lorenzo Perosi representou a nova orientação da música sacra italiana no século XX e deixou-nos a canção popular Ombra di nube (1935) e duas óperas completas. A sua Berceuse é caracterizada por uma simplicidade cativante e uma harmonia sedutora. No início de sua carreira musical, Ludwig van Beethoven destacou-se pela primeira vez como um virtuoso do piano. Um dos seus pontos fortes era a improvisação livre no instrumento. Depois de se mudar de Bona para Viena, o seu talento levou-o imediatamente aos mais altos círculos sociais da metrópole dos Habsburgos. Um problema auditivo que piorou com o tempo até à surdez quase completa levou ao fim prematuro da sua carreira como pianista. A doença desencadeou uma crise, que Beethoven deixa transparecer no seu testamento de Heiligenstadt em 1802. Beethoven manteve muitos contactos com mulheres do seu ambiente. É famosa a carta escrita em 1812 e dirigida à sua amada imortal, cuja identidade não foi completamente esclarecida até hoje. No final do concerto ouvir-se-á a sua melodia mais famosa: a «Ode à Alegria» da sua 9ª Sinfonia, maravilhosamente utilizada num conjunto de variações para órgão pelo lendário professor de órgão de Munique, Harald Feller. Mas o programa também inclui nuances um pouco mais calmas, para além de duas improvisações sobre os temas «Paz» e «Alegria».
— CHRISTOPH HAUSER —
Programa
Andrew Carter (1939)
¬ Fanfare and Processional
Christoph Hauser (1972)
¬ Improvisação «Paz»
Giambattista Martini (1616-1667)
¬ Sonata em Fá maior
› Allemanda
› Allegro
› Grave
› Aria
› Gavotta
Gustav Holst (1874-1934)
¬ Jupiter, bringer of Joy (The Planets)
Jean-François Dandrieu (1682-1738)
¬ Offertoire
Christoph Hauser
¬ Improvisação «Alegria»
Licinio Refice (1883-1954)
¬ Berceuse
Harald Feller (1951)
¬ Beethoven-Variationen
(Variações e fuga sobre o «Hino à Alegria» )